Forte baixa

BTG e Perfin entram, mas Cosan (CSAN3) desaba: minoritário deve fugir ou aproveitar?

Diluição dos minoritários e desconto na oferta provocam queda histórica nas ações da Cosan.

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analise fundamentalista resultado balanco cosan csan3 1 trimestre 2020 1t20
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  • Cosan levantará R$ 10 bilhões com aporte de BTG e Perfin, mas diluição e desconto na oferta derrubaram ações em mais de 20%.
  • Governança da transação gera críticas, pois minoritários ficaram sem preferência e foram prejudicados em relação a grandes investidores.
  • Analistas dividem opiniões: parte vê risco elevado no curto prazo, enquanto a XP recomenda compra com preço-alvo de R$ 17.

O mercado reagiu de forma dura ao anúncio da Cosan (CSAN3). A companhia informou que levantará R$ 10 bilhões por meio de um aporte dos fundos do BTG Pactual e da Perfin, mas a operação trouxe efeitos imediatos sobre as ações. Nesta segunda-feira (22), os papéis recuaram 20,8%, negociados a R$ 5,94 por volta das 14h30.

Embora o objetivo declarado seja reduzir o endividamento de R$ 23,5 bilhões, a operação foi mal recebida pelos investidores. Isso porque a precificação dos novos papéis saiu a R$ 5,00 cada, bem abaixo dos R$ 7,50 do fechamento anterior. Além disso, a diluição do acionista minoritário aumentou a desconfiança quanto à governança da empresa.

Oferta bilionária e efeito imediato no mercado

O aporte será feito por meio de oferta primária de ações, sem direito de preferência para minoritários. Com isso, o controlador Rubens Ometto manteve 50,01% do capital ordinário, mas passou a dividir a base de controle com BTG e Perfin, que assumem juntos 49,99%.

Para analistas, o impacto negativo decorre não apenas do desconto no preço, mas também da diluição de até 17,3% para quem não aderir à emissão. Sidney Lima, da Ouro Preto Investimentos, destaca que o mercado enxergou a medida como sinal de dificuldade da Cosan em captar recursos de forma menos onerosa.

Segundo Alexandre Pletes, da Faz Capital, a entrada dos novos sócios não resolve todos os problemas, mas reduz a pressão de curto prazo. “É um alívio parcial, mas ainda falta um plano robusto para geração de caixa”, disse.

Governança e favoritismo a grandes investidores

O desenho da transação levantou críticas. Para Artur Horta, da TheLink Investimentos, o acordo favoreceu BTG e Perfin, que ganharam posição de destaque no bloco de controle. Já os minoritários ficaram de fora do processo decisório e ainda sofreram forte diluição.

A XP Investimentos avalia que o impacto inicial é negativo, mas pode gerar valor no médio prazo. Pelos cálculos, seria necessário criar até R$ 3,2 bilhões em valor adicional para compensar a perda relativa dos minoritários. Essa projeção, contudo, depende da capacidade de a companhia retomar eficiência e reduzir dívidas.

O CEO da Cosan, Marcelo Martins, afirmou que a capitalização é estratégica para “combinar desalavancagem com crescimento”. No entanto, o mercado ainda mostra cautela em relação à governança.

O que fazer com as ações agora

Diante do tombo, analistas divergem. Horta não vê atratividade imediata, já que a empresa precisa provar consistência de caixa e capacidade de pagar dividendos relevantes. Pletes indica que o papel só faz sentido perto dos R$ 5,00, o valor da oferta, pois a diluição deve manter pressão sobre a cotação.

Lima, por outro lado, aponta que existe oportunidade para investidores dispostos a assumir risco e esperar resultados no médio prazo. A XP, mais otimista, recomenda compra com preço-alvo de R$ 17 em 12 meses, o que implicaria valorização de mais de 120% sobre o fechamento da última sexta-feira (19).

Mesmo assim, a corretora alerta que a Cosan é um dos casos de análise mais complexos da Bolsa brasileira, com decisões de capital de longo prazo que podem não se alinhar ao horizonte de investidores pessoa física.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.