
As ações da C&A (CEAB3) operam em alta nesta terça-feira (24), após a companhia anunciar o fim de uma parceria estratégica de 15 anos com a Bradescard, divisão do Banco Bradesco voltada a cartões de crédito co-branded. Segundo o BTG Pactual, a transação foi positiva e por isso gera reação otimista do mercado.
Por volta das 13:05, os papéis CEAB3 subia 3%, cotados a R$ 17,53. Nesse sentido, o banco manteve sua recomendação de ‘compra’ para as ações e projeta um preço-alvo de R$ 22,00.
A varejista vendeu os direitos associados à carteira de cartões de crédito da marca Bradescard ao Bradesco por R$ 170 milhões e, simultaneamente, quitou antecipadamente uma dívida de R$ 650,6 milhões, cujo vencimento estava previsto para julho de 2025.
Segundo a C&A, a decisão representa uma mudança estratégica no modelo de serviços financeiros da companhia, com foco em maior autonomia, flexibilidade e controle direto sobre o relacionamento com os clientes.
A expectativa é de que a nova configuração traga possibilidades de monetização mais alinhadas com a estratégia digital e omnichannel da empresa.
Para o BTG Pactual, os termos líquidos da transação foram positivos. “A venda compensa parcialmente a recompra dos direitos e oferece mais liberdade para que a C&A explore novas parcerias ou modelos financeiros mais rentáveis”, avaliou o banco.
Leitura otimista sobre a C&A
Apesar do crédito continuar sendo uma ferramenta relevante para impulsionar as vendas, os analistas destacam que a Bradescard hoje representa apenas 13% da receita de serviços financeiros da C&A (CEAB3), enquanto a plataforma própria C&A Pay já responde por 87%.
“Notavelmente, a penetração do crédito tem caído ano contra ano por dois trimestres consecutivos, mas as vendas em mesmas lojas seguem com crescimento de dois dígitos, mostrando a força do varejo da companhia mesmo com menos dependência de crédito”, explicou o BTG.
A leitura do banco é otimista: “Seguimos vendo sinais encorajadores que sustentam nossa visão construtiva sobre a C&A”, dizem os analistas.
Para o banco, a companhia tem mostrado ganhos de produtividade nas lojas, rentabilidade crescente e uma abordagem mais conservadora no crédito, o que é prudente diante do atual cenário de juros elevados.
Além da desalavancagem do balanço (com dívida líquida/EBITDA ex-IFRS16 em 0,5x no 1T25), o BTG destaca o valuation atrativo — atualmente em 10 vezes o lucro estimado para 2026 — e o potencial de valorização da ação. “Com mais eficiência no varejo, maior retorno sobre o capital e uma operação financeira mais integrada, a C&A pode surpreender positivamente”, concluem.
A expectativa agora é que a varejista avance em sua transformação digital e expanda a vertical financeira por meio da C&A Pay ou outras iniciativas próprias, se reposicionando para competir de forma mais direta com outras gigantes do setor, como Magazine Luiza, Via e Renner.