
- Cade aprovou sem restrições a fusão entre BRF e Marfrig, criando a MBRF Global Foods Company.
- Nova gigante deve faturar R$ 152 bilhões por ano e gerar sinergias de até R$ 805 milhões.
- Papéis BRFS3 e MRFG3 tendem a ganhar tração na bolsa, enquanto JBS enfrenta concorrência mais acirrada.
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou nesta sexta-feira (5), por unanimidade, a fusão entre BRF (BRFS3) e Marfrig (MRFG3). A decisão ocorreu sem restrições, confirmando o parecer técnico de junho e reforçando a leitura de que não há riscos relevantes de concentração no mercado.
Com o aval, nasce a MBRF Global Foods Company, que se torna a segunda maior produtora de proteína animal do Brasil, atrás apenas da JBS (JBSS3). O novo grupo deve alcançar faturamento anual de R$ 152 bilhões e já projeta sinergias próximas de R$ 805 milhões no curto prazo.
Reflexos na bolsa
O mercado reagiu de forma positiva à aprovação, já que os papéis da BRF e da Marfrig vinham acumulando ganhos com a expectativa de aval do Cade. Analistas avaliam que a confirmação do negócio tende a destravar valor, impulsionar margens e sustentar resultados mais fortes ao longo dos próximos trimestres.
Além disso, a concorrência com a JBS deve se intensificar. A líder do setor segue com maior escala, mas a entrada da MBRF no jogo altera disputas por espaço em exportações estratégicas, como as de aves e suínos. Essa mudança pode forçar ajustes na estratégia das três companhias e gerar impacto relevante nos preços globais.
No curto prazo, o efeito esperado é a revisão de recomendações por parte de casas de análise, que tendem a reforçar BRFS3 e MRFG3 como alternativas mais atrativas diante da nova configuração de mercado.
Impacto no setor de proteína animal
A nova companhia surge com mais de 130 mil funcionários, atuação em 117 países e um portfólio que reúne marcas icônicas como Sadia, Perdigão, Qualy e Bassi. Esse conjunto fortalece a presença da MBRF no Brasil e no exterior, consolidando sua relevância como competidora global.
As sinergias de R$ 400 a R$ 500 milhões esperadas já no primeiro ano devem vir da integração logística, da otimização de plantas e da redução de despesas administrativas. Em médio prazo, especialistas projetam ganhos superiores a R$ 800 milhões anuais, o que poderá sustentar uma posição de liderança competitiva em diferentes frentes.
Além disso, o movimento deve estimular novas rodadas de consolidação no setor e atrair ainda mais atenção de fundos internacionais. Para investidores, o recado é claro: a proteína animal continua sendo um dos segmentos de maior potencial de crescimento da bolsa brasileira.
Próximos passos
Apesar do aval regulatório, a operação ainda depende de assembleias de acionistas e de etapas contratuais. A expectativa é que a fusão seja concluída até o fim do ano, quando deverão surgir novos detalhes sobre a integração das operações.
Investidores acompanharão com atenção, pois a execução das sinergias será determinante para a precificação das ações nos próximos meses.
Por fim, caso os ganhos se confirmem, BRF e Marfrig podem reduzir endividamento, fortalecer margens e assumir um novo patamar de competição frente à JBS.