Queda brutal

Caos na direita: Flávio Bolsonaro atropela Tarcísio, favorece Lula e faz mercados derreterem

Anúncio de Flávio Bolsonaro como candidato de Jair Bolsonaro em 2026 fragmenta a direita, derruba apoio a Tarcísio de Freitas e dispara temores de reeleição de Lula

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Brasil em queda de investimentos
Crédito: Depositphotos

O Ibovespa registrou a maior queda diária em quatro anos nesta sexta-feira, mergulhando 4,31% e fechando em 157.369 pontos, enquanto o dólar comercial disparou 2,31%, atingindo R$ 5,43. A turbulência nos mercados foi desencadeada pela confirmação do senador Flávio Bolsonaro de que foi escolhido pelo pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, como candidato à Presidência da República nas eleições de 2026, gerando temores de uma fragmentação na direita que pavimentaria o caminho para a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A notícia, inicialmente revelada pelo portal Metrópoles e confirmada por aliados e pelo próprio Flávio durante o pregão da B3, pegou investidores e o establishment político de surpresa. Indicações anteriores apontavam que Bolsonaro, condenado a 27 anos de prisão por suposto planejamento de golpe de Estado após sua derrota em 2022, não endossaria um sucessor antes de março de 2026. No entanto, o anúncio de Flávio – irmão do ex-deputado federal Carlos Bolsonaro e filho do ex-mandatário – sinaliza uma guinada que ameaça rachar o campo conservador.

Divisão na direita beneficia Lula

Analistas atribuem a derrocada das ações ao impacto político da decisão de Bolsonaro. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), era visto como o nome favorito do mercado para unificar a direita em 2026. Considerado uma opção mais técnica e amigável aos investidores – especialmente após o afastamento definitivo de Jair Bolsonaro da cena política –, Tarcísio contava com o apoio implícito do ex-presidente para consolidar forças contra Lula. Com a indicação de Flávio, no entanto, esse cenário desmorona: Tarcísio perde o aval de Bolsonaro, o que pode dividir votos conservadores entre o senador fluminense e o paulista, enfraquecendo ambos e abrindo brechas para uma vitória mais folgada do petista nas urnas.

“O mercado esperava que Tarcísio fosse o candidato de Bolsonaro, e a posição técnica refletiu esse otimismo até certo ponto”, afirmou Milena Landgraf, sócia da Jubarte Capital, em São Paulo. “Flávio seria um candidato menos competitivo em relação a Lula e também pior do ponto de vista das expectativas de política econômica, e isso seria negativo para os ativos do Brasil.”

Flávio Bolsonaro reforçou a narrativa familiar em post nas redes sociais:

“É com grande responsabilidade que confirmo a decisão do maior líder político e moral do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, de me confiar a missão de dar continuidade ao nosso projeto nacional”.

A declaração, postada no meio da tarde, acelerou a venda generalizada de ativos brasileiros, com o Ibovespa perdendo mais de 2.000 pontos em poucas horas.

Reação nos mercados: perdas generalizadas

Das 82 ações que compõem o principal índice da B3, impressionantes 78 fecharam no vermelho. O banco Itaú (ITUB4) liderou as perdas, com recuo de 4,62%, seguido por papéis sensíveis à economia doméstica como Yduqs (YDUQ3), que desabou 10,84%, e Magazine Luiza (MGLU3), com queda de 9,96%. Setores como varejo, educação e finanças, mais expostos a instabilidades políticas e fiscais, sofreram os maiores impactos.

Apenas quatro empresas escaparam da baixa: Weg (WEGE3), com alta de 2,48%; Suzano (SUZB3), +1,84%; Klabin (KLBN11), +1,52%; e Braskem (BRKM5), +0,38%. Esses ganhos isolados, concentrados em exportadoras e indústrias menos dependentes do ciclo interno, destacam o caráter político da crise, em vez de uma deterioração econômica ampla.

A valorização do dólar reflete a fuga para ativos seguros, com o real se depreciando em meio a apostas de maior volatilidade eleitoral. Investidores estrangeiros, que já reduziram posições no Brasil desde o início do mandato de Lula, aceleraram saídas, ampliando o pânico.

Implicações para 2026: um campo minado para a oposição

A jogada de Bolsonaro não só abala Tarcísio – que, sem o “puxador de votos” bolsonarista, pode ver sua base erodir em estados chave como São Paulo e Rio de Janeiro –, mas também expõe fissuras profundas na direita. Partidos como PL e Republicanos, aliados históricos do ex-presidente, agora enfrentam dilemas: apoiar Flávio, arriscando uma candidatura frágil judicialmente (devido a investigações em curso), ou migrar para Tarcísio, traindo o “capitão”?

Para Lula, o timing é providencial. Com aprovação em torno de 45% nas pesquisas recentes, o presidente ganha fôlego para capitalizar o caos oposicionista, focando em agendas como crescimento econômico e reformas fiscais. Especialistas preveem que, sem uma direita unificada, as chances de reeleição do petista saltem para acima de 60% em cenários de segundo turno.

O episódio reforça a tese de que o bolsonarismo, mesmo enclausurado, continua como fator de instabilidade. Resta saber se Flávio conseguirá galvanizar apoiadores ou se o anúncio será apenas um blefe para negociar apoios futuros. Por ora, os mercados pagam a conta da incerteza.

Atualizado às 19h37. Este texto é baseado em fontes jornalísticas independentes e análise de mercado.

Fernando Américo
Fernando Américo

Sou amante de tecnologias e entusiasta de criptomoedas. Trabalhei com mineração de Bitcoin e algumas outras altcoins no Paraguai. Atualmente atuo como Desenvolvedor Web CMS com Wordpress e busco me especializar como fullstack com Nodejs e ReactJS, além de seguir estudando e investindo em ativos digitais.

Sou amante de tecnologias e entusiasta de criptomoedas. Trabalhei com mineração de Bitcoin e algumas outras altcoins no Paraguai. Atualmente atuo como Desenvolvedor Web CMS com Wordpress e busco me especializar como fullstack com Nodejs e ReactJS, além de seguir estudando e investindo em ativos digitais.