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Casas Bahia (BHIA3) troca dívida por ações e redesenha estrutura de capital — é bom ou ruim para o investidor?

Grupo anunciou a antecipação da conversão de debêntures em ações, o reperfilamento de dívidas e a flexibilização no uso de recursos

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casas bahia GDI
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O Grupo Casas Bahia (BHIA3) anunciou, na última quinta-feira (5), uma série de medidas que marcam um novo passo em seu plano de reestruturação financeira e que podem gerar uma redução de aproximadamente R$ 1,6 bilhão no endividamento total da varejista.

O pacote inclui a antecipação da conversão de debêntures em ações, o reperfilamento de dívidas e a flexibilização no uso de recursos da companhia. 

Conversão antecipada muda estrutura acionária

O destaque do plano é a antecipação da conversão das debêntures da 2ª série, inicialmente prevista para outubro, que agora será realizada ainda em junho de 2025.

Com a operação, poderão ser emitidas cerca de 329 milhões de novas ações, o que representaria 77,58% do capital social da empresa. Assim, isso significa que os acionistas atuais passariam a deter apenas 22% da companhia, em um movimento de diluição substancial.

Essa conversão tem como base os 80% do preço médio das ações nos últimos 90 dias. Com o VWAP (preço médio ponderado por volume) de R$ 5,93 registrado em 4 de junho, o preço de conversão estimado é de R$ 4,75 por ação.

Endividamento cai pela metade

A mudança na estrutura de capital deve causar um impacto profundo no balanço financeiro da Casas Bahia. 

A dívida líquida total deve recuar de R$ 3,37 bilhões para R$ 1,8 bilhão, enquanto o índice de alavancagem (dívida líquida/EBITDA) deve cair de 1,6x para 0,8x

Já o patrimônio líquido da companhia, por sua vez, deve aumentar de R$ 2,09 bilhões para R$ 3,65 bilhões.

Reperfilamento da 1ª série alivia o caixa

Outra frente importante da reestruturação envolve o reperfilamento das debêntures da 1ª série, com a postergação do pagamento de juros e do principal. O primeiro pagamento de juros, antes previsto para novembro de 2026, teve adiamento para novembro de 2027. Nesse sentido, a alteração já recebeu apoio dos principais debenturistas.

A expectativa é que essa mudança gere uma economia de aproximadamente R$ 230 milhões por ano em despesas financeiras, além de liberar cerca de R$ 400 milhões em fluxo de caixa nos próximos dois anos, reforçando a liquidez e capacidade de investimento da companhia.

Maior liberdade no uso de recursos

A Casas Bahia também solicitará dispensa da cláusula de cash sweep, que exigiria o uso de recursos obtidos em eventos de liquidez para amortização antecipada da dívida. 

Com a flexibilização, a empresa poderá direcionar até R$ 500 milhões desses recursos para projetos de expansão e ganho de eficiência operacional.

Impactos para o investidor da Casas Bahia

As mudanças trazem efeitos relevantes — e distintos — para diferentes perfis de investidores. Para os acionistas atuais, o principal ponto de atenção é a forte diluição de participação, já que, caso todos os debenturistas convertam seus títulos, os atuais detentores de ações terão sua participação reduzida a pouco mais de um quinto da companhia. Isso pode pressionar o valor por ação no curto prazo e diminuir o poder de decisão desses investidores.

Por outro lado, a operação melhora significativamente a saúde financeira da companhia

Com dívida menor, mais caixa e um balanço mais robusto, a empresa se torna mais atrativa para o mercado, abrindo espaço para uma possível recuperação sustentada

Para investidores com foco em médio e longo prazo, especialmente os que buscam oportunidades em empresas em fase de reestruturação, o movimento pode representar um turnaround promissor.

José Chacon
José Chacon

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.