
- O Banco Master vai se dividir em seis partes e o BRB vai receber uma parte dos CDBs.
- CDBs acima do limite do FGC migram para o banco público; os demais ficam com Vorcaro
- Especialistas recomendam cautela, diversificação e atenção ao risco de liquidez
Se o Banco de Brasília (BRB) confirmar a compra, o Banco Master vai se desmembrar em pelo menos seis partes, e essa divisão vai atingir diretamente os Certificados de Depósito Bancário (CDBs) emitidos pela instituição. Segundo o Estadão, o BTG Pactual e o grupo J&F vão comprar parte dos ativos, enquanto Daniel Vorcaro, presidente do Master, vai manter outra parcela.
Para investidores, a mudança traz dúvidas sobre liquidez e segurança. O BRB ficará com os CDBs acima da cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), enquanto os papéis dentro do limite de R$ 250 mil seguirão sob gestão do Master. O cenário exige cautela redobrada para quem aplicou nesses títulos.
Como fica a divisão dos ativos
Do total de R$ 24 bilhões que vão para o BRB, restam fatias que serão destinadas a grupos privados e antigos sócios. O restante ficará sob responsabilidade de Vorcaro, mas com o respaldo do FGC. Ainda assim, a incerteza sobre prazos e condições de reembolso em caso de default preocupa o mercado.
Atualmente, os CDBs do Master somam R$ 58,4 bilhões, quase metade da liquidez total do FGC. Essa proporção elevada já vinha levantando alertas sobre a capacidade do fundo de cobrir eventuais calotes em larga escala.
Por isso, especialistas reforçam que a decisão de manter os papéis deve considerar tanto a exposição individual quanto o risco sistêmico. Em momentos de incerteza, a diversificação pode ser a melhor defesa.
Recomendações para investidores
Para Willian Andrade, CIO da Kaya Asset Management, os papéis que migram para o BRB oferecem mais segurança por estarem em um banco público. Já os que permanecem no Master carregam riscos maiores, mesmo sob cobertura do FGC.
Pedro Ros, CEO da Referência Capital, alerta que o reembolso via fundo garantidor não é imediato e pode demorar meses. Ele recomenda diversificação e retirada gradual, especialmente para quem não tolera riscos elevados.
Na visão de Tiago Feitosa, fundador da T2 Educação, o cenário é menos dramático para quem está dentro do limite do FGC. Mas ele ressalta que investidores com valores acima do teto devem avaliar reduzir exposição para evitar surpresas negativas.
CDBs perdem atratividade?
Historicamente, os papéis do Master chamaram atenção pela rentabilidade elevada, chegando a 140% do CDI. Essa captação agressiva, porém, foi justamente um dos fatores que geraram preocupação no mercado e atraíram maior fiscalização do Banco Central.
No mercado secundário, a situação é ainda mais delicada: CDBs do Master têm sido negociados com descontos de até 50%, o que significa perda imediata de metade do capital para quem tenta resgatar antes do vencimento.
Para Marília Fontes, sócia da Nord Investimentos, o episódio deve reduzir a oferta futura de papéis tão rentáveis no Master. Plataformas já evitam títulos de bancos com balanços considerados frágeis, e o desmembramento pode acelerar esse processo.