Projeção revisada

Citi corta preço-alvo da Movida (MOVI3), mas ainda vê alta de 40%: aposta arriscada ou oportunidade?

Mesmo com cenário econômico adverso, banco mantém recomendação de compra e vê valuation atrativo para a ação.

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  • Citi reduz preço-alvo da Movida de R$ 9,20 para R$ 8,60, mas ainda projeta alta de 40%.
  • Banco cita desafios como crédito mais restrito, juros altos e menor renovação de frota.
  • Mesmo assim, mantém recomendação de compra com alerta de risco elevado.

A Movida (MOVI3) entrou no foco do mercado nesta semana após o Citi revisar suas projeções para a companhia. O banco cortou o preço-alvo da ação de R$ 9,20 para R$ 8,60, refletindo um cenário mais difícil para o setor de aluguel de veículos. Mesmo assim, enxerga potencial de valorização superior a 40% em relação ao preço atual.

Os analistas do Citi destacam que os desafios operacionais cresceram com a desaceleração econômica. Problemas como crédito mais caro, demanda enfraquecida e dificuldades na renovação de frota passaram a pesar mais nas contas. Ainda assim, o valuation atrativo e o bom desempenho operacional sustentam a recomendação de compra, embora com alerta de risco elevado.

Juros altos e crédito travam o setor

O Citi acredita que o atual ambiente macroeconômico cria obstáculos importantes para empresas como a Movida. O primeiro grande problema está no encarecimento do crédito, o que dificulta a renovação da frota. Esse fator, aliado à menor tributação sobre veículos novos, reduz a eficiência da operação e pressiona margens.

Além disso, os analistas esperam juros elevados por mais tempo, o que limita qualquer tentativa da empresa de aumentar tarifas. Com menos espaço para repassar custos, a rentabilidade fica comprometida. O efeito disso aparece tanto nos resultados do aluguel quanto na performance da revenda de seminovos, que já vem mostrando sinais de enfraquecimento.

Essas condições levaram o Citi a revisar para baixo a previsão de receita líquida da companhia. A nova estimativa para 2025 é de R$ 13,7 bilhões, uma queda de 2,2% em relação ao relatório anterior. O banco também ajustou sua projeção de depreciação, indicando um cenário de pressão mais prolongada.

O relatório destaca que a companhia precisará buscar eficiência operacional para compensar a falta de estímulos macroeconômicos. Sem melhora no ambiente de crédito, a dependência de ativos já existentes se torna mais relevante.

Mesmo com pressão, empresa entrega números sólidos

Apesar dos cortes nas projeções, o Citi elevou levemente sua estimativa para o Ebitda da Movida em 2025. Agora, a previsão é de R$ 5,203 bilhões, um avanço de 0,1% frente ao relatório anterior. Isso mostra que, mesmo com dificuldades, a estrutura da companhia segue resiliente.

Sendo assim, o banco afirma que a Movida possui uma operação sólida e bem posicionada no mercado. Essa capacidade de manter resultados operacionais consistentes em meio à adversidade é vista como um diferencial importante para investidores de perfil mais arrojado.

Nesse sentido, a recente queda nas ações também chamou a atenção. Com a forte desvalorização acumulada no ano, o papel passou a ser negociado com desconto em relação aos pares do setor. Essa diferença no valuation justifica, em parte, a manutenção da recomendação de compra, mesmo em um cenário mais conturbado.

Desse modo, os analistas alertam, no entanto, que a recuperação da ação depende de vários fatores externos. Portanto, a manutenção de juros elevados por mais tempo ou uma nova queda na demanda podem limitar a concretização desse potencial.

Risco alto, mas oportunidade no radar

A recomendação do Citi é clara: a ação continua sendo uma aposta válida, mas envolve riscos elevados. Para investidores que toleram volatilidade, o atual patamar de preços pode representar uma oportunidade. Ainda assim, o alerta de cautela permanece.

Ademais, o setor de locação é cíclico e sensível ao ambiente macroeconômico. Portanto, qualquer oscilação nos juros ou no crédito impacta diretamente as margens. É por isso que o banco reforça o caráter especulativo da operação no curto prazo.

Além disso, mesmo com potencial de valorização de 40%, a recomendação vem acompanhada de avisos sobre as incertezas do mercado. O investidor precisa pesar bem o risco antes de tomar posição.

Com isso, o Citi entrega uma análise que equilibra otimismo com realismo, destacando tanto os pontos fortes quanto os desafios que a Movida ainda precisa superar.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.