
- A equipe excluiu a Embraer (EMBR3) por identificar um risco direto com as tarifas dos EUA.
- Prio (PRIO3) entrou com 5% de peso, puxada por bom caixa e produção
- Bradesco (BBDC4) teve aumento de posição de 10% para 15%
O Citi fez mudanças significativas em sua carteira de ações de menor volatilidade (MVP) para julho. O destaque foi a exclusão da Embraer (EMBR3), retirada do portfólio em meio ao aumento das tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos. Para os analistas, o papel representa a maior exposição ao tarifaço de Donald Trump entre as empresas sob cobertura do banco.
Além da Embraer, a Hapvida também deixou a seleção. Em contrapartida, a equipe incluiu a petroleira Prio (PRIO3) com peso de 5% e elevou o peso do Bradesco (BBDC4) de 10% para 15%. Desse modo, as mudanças refletem uma estratégia de ajuste fino, que busca preservar retornos diante de pressões geopolíticas e setoriais crescentes.
Embraer deixa o radar por risco político
O relatório do Citi informou que retirou a Embraer da carteira MVP por causa do risco direto de impacto das tarifas impostas pelo governo dos EUA. O presidente Donald Trump anunciou recentemente uma alíquota de 50% sobre produtos brasileiros, medida que pode atingir em cheio a fabricante de aeronaves, que tem forte presença no mercado norte-americano.
Sendo assim, o banco destaca que, entre as ações que acompanha, a Embraer é a que mais sofre exposição direta ao movimento protecionista americano. Embora o papel venha apresentando bom desempenho, o risco de sanções, combinadas com um cenário externo volátil, tornou a permanência na carteira inviável neste momento.
Nesse sentido, essa exclusão, segundo os analistas, não significa uma visão negativa estrutural sobre a empresa, mas sim uma precaução de curto prazo. O Citi mantém cobertura e segue acompanhando o papel em outras estratégias de investimento, mas opta por fora da carteira de menor risco.
Desse modo, a Hapvida, por sua vez, foi excluída sem explicações detalhadas no relatório, o que sugere revisão de fundamentos ou expectativas mais conservadoras no curto prazo para o setor de saúde.
Prio entra com força e Bradesco ganha peso
A Prio (PRIO3) foi o principal nome incluído no portfólio. A petroleira entrou com peso de 5%, sustentada por projeções otimistas de produção e um robusto fluxo de caixa livre recorrente, considerado atrativo pelos analistas. Em um cenário de petróleo estável e retomada de investimentos no setor, a ação aparece como alternativa interessante de geração de valor.
Sendo assim, segundo o Citi, a escolha da Prio se encaixa em sua filosofia de seleção “bottom-up“, abordagem que prioriza os fundamentos individuais das empresas, ao mesmo tempo em que considera fatores “top-down“, como o ambiente macroeconômico global.
Já o Bradesco (BBDC4), que já fazia parte da carteira, teve seu peso ampliado de 10% para 15%. A mudança indica maior convicção do banco na resiliência dos grandes bancos tradicionais, mesmo em meio ao atual cenário fiscal e político brasileiro.
Por fim, esse aumento também pode refletir a busca por ativos mais defensivos e com bom histórico de entrega de resultados, característica valorizada em carteiras de menor volatilidade.
Estratégia mira proteção em meio à incerteza
A carteira MVP do Citi é composta por ações que o banco considera menos suscetíveis a grandes oscilações de mercado. Para isso, atribui pesos distintos aos ativos, 5%, 10% ou 15%, com base em seu potencial de retorno ajustado ao risco.
Além disso, o modelo da carteira combina análise fundamentalista com avaliação de riscos externos, como o atual embate comercial entre Brasil e Estados Unidos. A saída da Embraer reforça essa diretriz, ao reduzir a exposição direta a ativos mais vulneráveis à geopolítica.
Por outro lado, a entrada de Prio e o reforço no Bradesco mostram que o banco ainda vê espaço para boas oportunidades, mesmo em um ambiente desafiador. A diversificação entre energia e setor bancário garante ao portfólio um equilíbrio entre crescimento e proteção.
Desse modo, a expectativa é de que a composição seja mantida ao longo de julho, a menos que novos eventos alterem significativamente o cenário.