
- Ação da Cogna (COGN3) acumula alta de 147% em 2025
- Nova fase depende de programa do governo, mudanças no EAD e possível fusão com Yduqs
- Mercado está dividido entre cautela e otimismo, com preço-alvo chegando a R$ 4,20
A ação da Cogna (COGN3) é uma das grandes estrelas da Bolsa em 2025. Com alta acumulada de 147,17% no ano, o papel saltou de R$ 1,06 no fim de 2024 para R$ 2,63 no fechamento do dia 24 de julho. Essa disparada reflete não apenas os fortes resultados financeiros, como também a queda nos juros futuros, que favoreceu o setor educacional.
Contudo, analistas alertam que o cenário pode mudar drasticamente nos próximos meses. Três fatores concentram as atenções: o programa Mais Médicos III, as novas regras do MEC para o ensino à distância (EAD) e uma possível fusão com a Yduqs (YDUQ3). Qualquer um desses pontos pode redefinir o valor da ação até o fim do ano.
Mais Médicos III: receita pode subir ou não vir
O programa Mais Médicos III, que visa aumentar a média nacional de médicos por habitante, pode gerar ganhos expressivos para a Cogna. A empresa inscreveu oito propostas para abertura de vagas em cursos de Medicina e espera conquistar pelo menos quatro.
Se aprovada, a empresa pode ampliar sua receita líquida entre R$ 40 milhões e R$ 60 milhões por ano, de acordo com estimativas da gestora Hike Capital. Isso se deve às mensalidades elevadas e à baixa evasão desses cursos, que oferecem receita previsível e margem superior à média.
Por outro lado, a decisão final do Ministério da Educação só deve sair em outubro. Até lá, o mercado seguirá precificando incertezas. O BTG Pactual afirma que o resultado do edital pode influenciar diretamente o preço-alvo das ações da empresa e mudar o sentimento dos investidores.
Portanto, a expectativa é alta, mas o risco de frustração também existe. Se a Cogna não conseguir as vagas esperadas, parte da valorização recente pode se desfazer rapidamente.
Nova regra do EAD desafia o modelo de negócios
Outro ponto crítico envolve a mudança nas normas do EAD. O MEC determinou que cursos como Medicina, Enfermagem, Direito, Psicologia e Odontologia só poderão ser oferecidos no formato presencial. A nova regra impacta diretamente a operação da Cogna, fortemente dependente do ensino a distância.
A XP Investimentos vê um dilema à frente: ou a empresa repassa os custos para os alunos, ou reduz sua margem de lucro. Já o Itaú BBA acredita que haverá espaço para reajustes. Segundo os analistas, a Cogna pode elevar o ticket médio em até 4% sem perder competitividade.
O especialista Gianluca Di Matina lembra que, em algumas regiões, a demanda por cursos presenciais segue maior que a oferta. Isso abriria espaço para aumentos acima da inflação, o que pode preservar ou até ampliar a rentabilidade da empresa.
Em resumo, a transição será desafiadora, mas não necessariamente negativa, desde que a empresa saiba aproveitar o reposicionamento estratégico.
Fusão com Yduqs: oportunidade bilionária ou problema regulatório?
O terceiro fator que pode mexer com a Cogna é a possível fusão com a Yduqs. Embora nenhuma das empresas confirme as negociações, ambas indicaram abertura para aquisições no segundo semestre. O mercado já especula sinergias e ganhos de escala.
A XP Investimentos projeta que uma fusão poderia gerar até R$ 4,6 bilhões em valor patrimonial, com corte de 30% nas despesas administrativas combinadas. A força da nova gigante educacional permitiria controlar preços e ampliar margem em cursos estratégicos.
No entanto, há obstáculos. O BTG Pactual destaca que a aprovação pelo Cade seria difícil, dada a concentração que a união criaria. Além disso, a estrutura da Cogna é mais complexa, o que pode limitar as sinergias operacionais.
Enquanto o negócio não se concretiza, os rumores mantêm a volatilidade das ações. Mas, se confirmado, o impacto pode ser decisivo para os preços em 2025.
Analistas estão divididos: manter ou comprar?
O mercado ainda não tem consenso. Entre sete casas analisadas, quatro recomendam “manter”: BTG, Citi, Itaú BBA e JPMorgan. Já XP, Bradesco BBI e Goldman Sachs sugerem “compra” para quem aceita maior risco em troca de possível retorno elevado.
A XP é a mais otimista, com preço-alvo de R$ 4,20 — alta potencial de 59,7%. O Bradesco BBI projeta R$ 3,50 (+33,08%) e o Goldman Sachs, R$ 3,20 (+21,67%). Já BTG e Citi mantêm projeção neutra com R$ 3,00, indicando apenas 14,07% de valorização.
Os analistas do Sachs dizem que, mesmo com os riscos, a ação ainda pode se beneficiar do bom momento financeiro e da desalavancagem. Oportunidade existe, mas não sem incertezas.