
Em meio à disparada internacional nos preços do petróleo causada pelo agravamento do conflito entre Israel e Irã, uma pergunta ronda o bolso dos brasileiros: vai subir o preço dos combustíveis? A resposta, pelo menos por enquanto, é não — ou, no mínimo, “não agora”, segundo a presidente da Petrobras (PETR3)(PETR4), Magda Chambriard.
Na última quarta-feira (18), durante um evento no Rio de Janeiro marcando um ano à frente da estatal, Magda reforçou que a Petrobras manterá sua política de “movimentos graduais”, sem responder de forma automática às oscilações do mercado internacional.
“Com cinco dias de volatilidade, não faremos nada. A sociedade brasileira não precisa sofrer a instabilidade das bolsas de petróleo”, afirmou a executiva.
Estratégia da Petrobras
Apesar disso, a Petrobras afirma que não segue apenas o Brent, mas leva em conta outros fatores, como:
- O câmbio (dólar)
- A concorrência com importadores
- A estabilidade logística do suprimento
- O comportamento do mercado interno
Hoje, segundo dados da StoneX para a Abicom (associação de importadores), a Petrobras está vendendo gasolina e diesel abaixo do preço de importação, o que tem fechado a chamada “janela de importação” — ou seja, empresas privadas não conseguem competir com os preços praticados pela estatal.
Petróleo em guerra, mas sem caos nos fluxos
Apesar da tensão no Oriente Médio, especialmente em torno do Estreito de Ormuz — por onde passa cerca de 20% do petróleo global —, a Petrobras avalia que os fluxos continuam estáveis.
“A gente acompanha de perto. Temos óleo leve do Golfo Pérsico no nosso mix de refino, mas também alternativas logísticas, então não estamos expostos a choques imediatos”, explicou Magda.
Ou seja, enquanto o mundo acende o alerta, a estatal brasileira adota uma postura mais pragmática: só reage quando o cenário se consolida como tendência, e não com base em picos momentâneos.
E o consumidor, sente quando?
Por ora, a promessa é de estabilidade. Magda destacou que os preços do diesel nas distribuidoras estão congelados há 402 dias, mesmo com uma série de choques geopolíticos em 2024.
A lógica é clara: com parte dos combustíveis já importados e armazenados, e com o mercado interno ainda competitivo, não há urgência em repassar aumentos. No entanto, caso o petróleo ultrapasse a barreira dos US$ 90 ou US$ 100 por barril, ou o câmbio dispare, os ajustes podem voltar ao radar.