- A disparada do preço da energia no mercado spot pode impulsionar fortemente os resultados da Eletrobras
- Bradesco BBI estima que o EBITDA da empresa pode subir até 11% caso os preços se sustentem
- Lucro líquido maior pode significar aumento expressivo nos dividendos para os acionistas
O preço da energia no mercado spot atingiu R$ 300/MWh, muito acima das projeções dos analistas, que trabalhavam com valores entre R$ 150 e R$ 170/MWh para este ano. Esse descolamento da realidade pode representar um grande potencial de ganhos para a Eletrobras, maior geradora de energia do Brasil.
O Bradesco BBI realizou cálculos para estimar o impacto desse cenário nos resultados da companhia. Segundo os analistas liderados por Francisco Navarrete, se a Eletrobras conseguir garantir contratos com preços elevados até o fim do ano, o EBITDA de 2025 pode crescer entre 4% e 11% em relação ao cenário-base.
Impacto no EBITDA e no lucro líquido
O estudo do Bradesco considerou um preço de venda da energia variando entre R$ 200 e R$ 300/MWh. Se esse patamar se confirmar, a Eletrobras pode registrar um incremento no EBITDA entre R$ 800 milhões e R$ 2,4 bilhões. No modelo atual do banco, a empresa tem uma projeção de EBITDA de R$ 22,6 bilhões para 2025.
O impacto no lucro líquido seria ainda mais expressivo, podendo variar entre 10% e 30%, dependendo do comportamento do preço da energia no mercado. Esse aumento na lucratividade teria um efeito direto na remuneração dos acionistas.
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Possível aumento nos dividendos
A política de dividendos da Eletrobras ainda será definida, mas os analistas acreditam que pode haver um trigger para aumentar a distribuição em momentos de alta dos preços de energia. Atualmente, se a companhia mantiver um payout de 25%, o dividend yield adicional ficaria entre 0,2% e 0,6%. No entanto, se todo o fluxo de caixa extra for distribuído aos acionistas, o yield incremental pode chegar a 2,2%, elevando o total do ano para algo entre 5% e 7%.
Evolução do preço da energia
Nos últimos meses, o preço de liquidação das diferenças (PLD) disparou. A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) estabelece esse valor semanalmente, calculando-o com base no histórico de chuvas e em projeções climáticas.
Para se ter uma ideia, o PLD saiu de R$ 94/MWh em fevereiro para cerca de R$ 300/MWh em março, refletindo a escassez de chuvas e o maior consumo de energia.
Apesar do otimismo, o Bradesco BBI alerta que não há garantias de que esse nível de preço se manterá. O cálculo do PLD depende fortemente do volume de chuvas. Caso o período seco (abril a novembro) apresente precipitações acima do esperado, os preços podem cair. No entanto, os analistas acreditam que, mesmo em um cenário de queda, os valores dificilmente ficariam abaixo do patamar-base de R$ 170/MWh.
