
- Ações da BP sobem 1,5% após maior descoberta da empresa em 25 anos, localizada na Bacia de Santos.
- Campo Bumerangue tem 300 km² e pode abrir nova fronteira exploratória para a petroleira no Brasil.
- Analistas veem potencial inexplorado no pré-sal e monitoram impactos indiretos na Petrobras.
As ações da britânica BP avançaram nesta segunda-feira (4) após a companhia anunciar a maior descoberta de petróleo e gás de sua história recente, localizada na costa do Brasil. O movimento foi na contramão da queda de mais de 2% do petróleo no mercado internacional.
Segundo comunicado oficial, a petroleira encontrou um gigantesco reservatório no bloco Bumerangue, na Bacia de Santos, despertando entusiasmo entre analistas e investidores. O campo, com cerca de 300 km², pode abrir uma nova fronteira exploratória para a companhia no país.
Descoberta histórica impulsiona BP
O avanço das ações da BP, que subiram cerca de 1,5% na Bolsa de Nova York, surpreendeu o mercado. A valorização ocorreu em uma sessão marcada pela forte queda do petróleo tipo Brent, pressionado por fatores geopolíticos e expectativas de demanda. Ainda assim, a descoberta brasileira sustentou o otimismo com os papéis da petroleira.
Em nota, Gordon Birrell, vice-presidente executivo da BP, afirmou que o achado é o maior da companhia em 25 anos. O anúncio reacendeu o interesse do mercado global pelo potencial ainda inexplorado da Bacia de Santos. A empresa ressaltou que perfurou um reservatório com 500 metros de espessura e penetrou uma coluna significativa de hidrocarbonetos brutos.
Apesar do entusiasmo, a BP destacou que ainda serão necessárias análises laboratoriais para caracterizar melhor os fluidos e a qualidade do reservatório. O elevado nível de dióxido de carbono detectado no local também será avaliado com mais precisão nos próximos meses.
O que se sabe sobre o bloco Bumerangue
Localizado a 404 quilômetros da costa do Rio de Janeiro, o bloco Bumerangue foi arrematado pela BP no fim de 2023, com 100% de participação ao lado da Pré-Sal Petróleo S.A. A área cobre mais de 300 km² e possui características semelhantes às de campos já consolidados no pré-sal, como Tupi e Búzios.
A perfuração identificou uma estrutura de carbonato de alta qualidade, típica dos melhores reservatórios do pré-sal. A coluna de hidrocarbonetos detectada sugere potencial de produção expressiva, mas o volume recuperável ainda está sob análise. Técnicos da BP afirmaram que os dados obtidos indicam um grau elevado de viabilidade comercial.
Ainda não há cronograma detalhado sobre o desenvolvimento do campo. No entanto, analistas avaliam que a BP pode acelerar os estudos para viabilizar a exploração nos próximos anos, diante da magnitude da descoberta.
Impactos no mercado e expectativas
A reação positiva da Bolsa reflete não apenas o tamanho da reserva, mas também o fato de ela estar localizada em uma região com infraestrutura consolidada. A Bacia de Santos abriga diversas operações da Petrobras, e a proximidade com gasodutos e portos favorece a logística e a monetização da produção.
Para o Bradesco BBI, a descoberta pode marcar o início de uma nova fase para a BP no Brasil. A corretora avalia que o bloco Bumerangue pode representar um divisor de águas na estratégia da empresa na América Latina. Além disso, reforça a tese de que o pré-sal ainda guarda grandes oportunidades.
Já a Genial Investimentos pondera que, embora o impacto imediato sobre empresas listadas na B3 seja limitado, o evento pode destravar novos projetos exploratórios. A corretora lembra que as descobertas comerciais no pré-sal vinham diminuindo ano após ano, o que torna o anúncio da BP ainda mais relevante.
Por fim, os analistas destacam que acompanharão de perto a resposta da Petrobras. Como principal operadora do pré-sal, a estatal pode reavaliar seus ativos exploratórios diante da nova movimentação internacional no setor.