
- Banco Master paga R$ 200 milhões em CDBs e evita calote imediato.
- FGC segue exposto após empréstimo emergencial de quase R$ 4 bilhões.
- A companhia aposta na venda de ativos como Kovr e Will Bank para recuperar liquidez.
O Banco Master conseguiu honrar o pagamento de R$ 200 milhões em CDBs que venciam na última segunda-feira (6), aliviando temporariamente as incertezas sobre sua capacidade de caixa.
Apesar da quitação, a instituição comandada por Daniel Vorcaro enfrenta um quadro grave de liquidez, após meses sem captar novos recursos e dependendo de operações emergenciais com o Fundo Garantidor de Créditos (FGC).
Dívidas acumuladas e busca por liquidez
Desde março, quando o acordo com o Banco de Brasília (BRB) foi barrado pelo Banco Central (BC), o Master já teria pago cerca de R$ 10 bilhões em dívidas. No balanço de 2024, o grupo indicava R$ 16 bilhões em passivos a vencer em 2025, sendo R$ 7,6 bilhões no primeiro semestre.
Sem conseguir acessar o mercado, Vorcaro tenta levantar caixa por meio da venda de ativos. A companhia vendeu a seguradora Kovr há duas semanas. Agora, o foco é a alienação do Will Bank, com a ajuda da assessoria financeira Laplace.
Fontes próximas afirmam que cada venda reduz a exposição do FGC e pode facilitar uma negociação para evitar medidas mais drásticas, como uma intervenção direta do BC.
Balanço negativo e pressão regulatória
O grupo ainda não publicou o balanço do primeiro semestre, mas dados do sistema IFData do BC apontam prejuízo consolidado de R$ 287 milhões nas empresas ligadas ao Master. O valor não inclui o Banco Master SA, que deixou de enviar informações ao regulador.
Entre os resultados negativos, destacam-se o Banco Master Múltiplo (perda de R$ 245 milhões) e a Will Financeira (queda de R$ 244 milhões). O Voiter (ex-Indusval) e o BlueBank (ex-Letsbank) apresentaram desempenho positivo, mas o grupo já vendeu ambos e ainda aguarda o aval do BC para retirá-los do conglomerado.
Na parte de depósitos, o conglomerado somava R$ 28,2 bilhões em junho, enquanto o Master SA, sozinho, tinha R$ 31,7 bilhões no início do ano. A falta de transparência com dados atualizados reforça a apreensão do mercado.
O futuro do banco
O presidente do BC, Gabriel Galípolo, se reuniu recentemente com a cúpula do FGC, em São Paulo, para discutir alternativas. Embora não haja definição oficial, o mercado entende que a instituição precisará mostrar capacidade de levantar liquidez rapidamente.
Vorcaro aposta que a venda de ativos estratégicos dará tempo ao banco para reorganizar suas contas. Ainda assim, sem novas captações desde março, a margem para manobra segue extremamente curta.
Enquanto isso, credores e investidores acompanham com cautela os próximos vencimentos, que devem pressionar ainda mais o caixa do grupo nos próximos meses.