
- Chuvas intensas reduzem o volume extraído e impactam vendas
- Lucro e Ebitda abaixo das estimativas do mercado e dos grandes bancos
- China, dólar e ações judiciais desafiam os resultados futuros da companhia
A Vale (VALE3) deve reportar um lucro líquido de apenas US$ 1,33 bilhão no primeiro trimestre de 2025. Contudo, uma queda significativa em relação aos US$ 1,67 bilhão registrados no mesmo período do ano anterior.
O número reflete um cenário desafiador para a mineradora, que enfrentou queda na produção de minério de ferro e preços mais baixos, segundo projeções de grandes bancos como Citi, Goldman Sachs e Santander.
A divulgação oficial dos resultados financeiros está programada para esta quinta-feira (24), após o fechamento do mercado. Analistas já antecipam um balanço pressionado por fatores operacionais e macroeconômicos.
Produção e vendas afetadas pelo clima
A produção de minério de ferro da Vale totalizou 67,7 milhões de toneladas no primeiro trimestre. Dessa forma, ma queda de 4,5% em comparação com o mesmo período de 2024. O volume foi impactado diretamente pelos elevados níveis de chuva que atingiram o Sistema Norte, principal polo de extração da companhia.
Apesar disso, as vendas da commodity somaram 66,1 milhões de toneladas, um aumento anual de 3,6%, impulsionado pela estratégia da Vale de utilizar estoques avançados e otimizar a cadeia logística. Ainda assim, o preço médio realizado por tonelada ficou em US$ 90,8, valor considerado abaixo do ideal pelos analistas do Santander, que esperavam US$ 93,9.
Lucro e Ebitda abaixo das expectativas
A combinação entre queda de produção, preços mais baixos e custos operacionais pressionou os resultados da Vale. O Santander projeta um Ebitda ajustado de US$ 3 bilhões, enquanto o consenso da Bloomberg indicava US$ 3,3 bilhões. No mesmo período de 2024, a empresa havia registrado Ebitda de US$ 3,43 bilhões.
O Goldman Sachs reforçou a visão pessimista e reduziu sua estimativa de Ebitda em 2%, considerando também o fraco desempenho das vendas de pelotas e níquel. Para o Citi, a produção veio levemente abaixo do esperado, o que levou o banco a cortar a estimativa de lucro para US$ 1,33 bilhão no trimestre.
Perspectivas desafiadoras para este ano
Os analistas apontam uma série de riscos no horizonte da Vale. O Goldman Sachs destacou a possibilidade de uma desaceleração mais intensa da economia chinesa, o que pode derrubar ainda mais os preços do minério de ferro.
Além disso, a valorização do real frente ao dólar tende a corroer a competitividade das exportações da companhia.
Outro fator de preocupação são eventuais novas ações judiciais relacionadas à Samarco, que podem elevar as provisões da mineradora. O desempenho decepcionante nos segmentos de cobre e níquel, aliados a um ritmo lento de recuperação da demanda global por metais básicos, adiciona mais incertezas aos próximos trimestres.