Reflexos da tensão

Conflito entre EUA e Venezuela pode ser risco para ativos brasileiros

Alta do petróleo, câmbio volátil e pressão inflacionária são riscos diretos para o Brasil, segundo a RB Investimentos.

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Crédito: Depositphotos.
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  • Petróleo tende a subir e pressiona inflação e juros no Brasil
  • Real pode enfraquecer com fuga de risco e CDS tende a ampliar
  • Brasil ganha espaço em energia e exportações se a crise for curta

A tensão entre Washington e Caracas voltou ao centro do radar e ameaça mexer com os mercados emergentes. Caso o conflito escale, petróleo tende a acelerar e a aversão a risco pode atingir ativos brasileiros.

Segundo Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, o choque seria rápido e amplo. Combustíveis, transporte e insumos industriais sentiriam primeiro, enquanto câmbio e renda fixa reagiriam quase em tempo real.

O que pode disparar primeiro

Operações militares dos EUA no Caribe ampliam a incerteza. Nicolás Maduro fala em ameaça de invasão. Donald Trump sustenta a narrativa de combate ao narcotráfico. O risco aumenta.

Apesar do encolhimento da PDVSA, a Venezuela segue relevante para China, Índia e Turquia. Assim, qualquer interrupção reduz a oferta global e pressiona o preço do petróleo.

Nesse cenário, commodities reprecificam depressa. Por isso, choques em energia se espalham para fretes e custos industriais, elevando inflação e travando cortes de juros.

Efeito Brasil: câmbio, juros e risco

No Brasil, combustíveis mais caros pesam em IPCA. Logo, cortes na Selic ficam mais difíceis. Empresas e famílias enfrentam custos maiores.

O real tende a perder força. Além disso, a fuga de capitais de emergentes fortalece o dólar e eleva prêmios na renda fixa local. CDS brasileiro sobe e espelha a incerteza fiscal e política.

Investidores devem revisar portfólios. Dessa forma, vale ampliar diversificação e hedge cambial. Setores expostos ao comércio exterior precisam ajustar estratégias com rapidez.

Onde estão as oportunidades

Se a crise for curta, o Brasil pode ganhar espaço. Por outro lado, sanções e fragilidade venezuelana reorganizam rotas de energia e comércio na região.

A Margem Equatorial reforça o país como exportador líquido de petróleo. Desse modo, janelas em agronegócio e bens intermediários surgem com a substituição da oferta venezuelana.

Mas conflito prolongado muda tudo. Então, logística encarece, margens apertam e competitividade cai. O saldo depende da duração do choque e da ancoragem fiscal doméstica.

Diplomacia entra no preço

Uma cobrança de posicionamento pelos EUA pode azedar a percepção sobre o Brasil. Ainda que hoje isso esteja fora do foco, o histórico cordial com Maduro adiciona ruído.

Quando a diplomacia vira dúvida, câmbio, títulos e ações ajustam. Além disso, tensões na Europa com drones e testes de limites da OTAN mostram que o tabuleiro é global.

Conclusão de portfólio: reforçar hedge, reduzir sensibilidade a choques e priorizar qualidade de balanço. Assim, a carteira atravessa melhor a volatilidade.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.