Construtora surpreende com lucro histórico e aposta em mercado que mais cresce no Nordeste

• enda registra lucro líquido recorde de R$ 203,9 milhões e receita de R$ 991,5 milhões.
• Empresa anuncia entrada no mercado de João Pessoa, com meta de mil unidades em um ano.
• Revisão na operação da Alea prioriza foco geográfico e adia breakeven para 2026.

A Tenda (TEND3) registrou o melhor trimestre de sua história, superando amplamente as projeções do mercado e consolidando-se como uma das construtoras mais fortes no segmento de habitação popular. O resultado veio acompanhado do anúncio de entrada no mercado de João Pessoa, capital que lidera o crescimento populacional no Nordeste.

O desempenho foi impulsionado por forte expansão nas receitas, margens mais robustas e ganhos com operações financeiras, além de uma estratégia que privilegia o Minha Casa Minha Vida. Segundo a empresa, a combinação de eficiência operacional e atuação direcionada garantiu um avanço expressivo nos indicadores.

Lucro e receita em alta

O lucro líquido consolidado somou R$ 203,9 milhões, superando em mais de duas vezes o consenso de R$ 79,5 milhões e ficando muito acima dos R$ 4,5 milhões registrados no segundo trimestre de 2024. Esse crescimento contou com um impacto positivo das operações de swap com ações próprias, que avançaram 76% no ano.

Ademais, a receita líquida chegou a R$ 991,5 milhões, aumento de 27,6% em relação ao mesmo período do ano anterior, ligeiramente acima da estimativa de R$ 982 milhões. Esse avanço reflete tanto o maior volume de lançamentos como o crescimento das vendas líquidas.

Desse modo, o EBITDA ajustado também superou as expectativas, crescendo 69,7% na base anual e alcançando R$ 166,3 milhões. A empresa destacou que a melhora nas margens é resultado de ajustes estratégicos no mix de produtos e na gestão de custos.

Expansão para João Pessoa

O Nordeste é atualmente a região com maior crescimento para a Tenda, o que motivou a entrada em João Pessoa ainda este ano. A capital paraibana foi escolhida por apresentar o maior avanço populacional entre os dois últimos Censos, com alta de 15,3% para 834 mil habitantes.

Além disso, segundo o CFO Luiz Maurício Garcia, a expectativa é lançar pelo menos mil unidades em um período de 12 meses. A escolha da cidade também considerou fatores como segurança, crescimento econômico e geração de empregos com carteira assinada.

Desse modo, a empresa planeja atuar nas três primeiras faixas do Minha Casa Minha Vida, com imóveis de até R$ 350 mil, e não pretende entrar na Faixa 4, voltada à classe média. O foco é reforçar a participação na Faixa 3, que mais que dobrou desde 2023.

Estratégia por faixas e operação da Alea

A Faixa 1, destinada à população de menor renda, representou 60% da operação no passado e seguirá relevante, com participação mínima de 40%. O objetivo, no entanto, é equilibrar a atuação entre todas as faixas para reduzir riscos e ampliar o alcance.

Já a Alea, braço de casas pré-moldadas, apresentou prejuízo líquido de R$ 26 milhões no trimestre, frente a R$ 19,6 milhões negativos no mesmo período do ano anterior. Assim, a margem bruta ajustada foi de 4,5%, abaixo do esperado.

Com isso, a Tenda revisou a guidance da Alea, cortando a previsão de margens de 20%-24% para 6%-10% e adiando o breakeven para 2026. Portanto, a mudança reflete a decisão de concentrar operações em praças já consolidadas, evitando dispersão geográfica.

Foco e perspectivas

Garcia admitiu que a estratégia inicial da Alea de abrir novos mercados antes de consolidar os existentes resultou em obras mais caras e menos produtivas. O novo plano prioriza apenas três regiões no estado de São Paulo: Tupã, Bauru e Ribeirão Preto.

Ademais, a expectativa da Tenda é que a concentração geográfica aumente a eficiência, reduza custos e acelere o retorno financeiro. A empresa também acredita que a expansão no Nordeste ajudará a compensar eventuais oscilações em outras regiões.

Por fim, com margens elevadas, crescimento de receita e lucro recorde, a Tenda reforça seu posicionamento como uma das principais construtoras de habitação popular no Brasil. O desafio, segundo a própria companhia, é manter o ritmo e expandir de forma sustentável.