
A Bresco Logística (BRCO11) assinou um novo contrato de locação com os Correios para um galpão logístico em Contagem (MG), reacendendo o debate entre investidores sobre o risco de crédito da estatal. O imóvel de 15,6 mil metros quadrados, antes ocupado pela Americanas — que rescindiu o contrato no fim de 2023 —, agora será utilizado pela empresa pública de serviços postais.
O novo contrato, com vigência de cinco anos e cláusula de multa equivalente a 12 meses em caso de rescisão antecipada, já está em vigor desde o início da semana. A locação representará um incremento de 30% na receita do fundo, segundo do site Metro Quadrado.
Apesar do impacto financeiro positivo, a transação causou desconforto em parte dos cotistas do fundo, que apontam o histórico recente dos Correios como inquilino problemático.
A principal referência é o imbróglio com o FII Tellus Rio Bravo Renda Logística (TRBL11), também em Contagem, onde os Correios abandonaram o maior imóvel do portfólio — um centro logístico de 121 mil m² — alegando problemas estruturais.
Mesmo após a liberação do galpão pela Defesa Civil, a estatal não retomou a ocupação e solicitou a rescisão do contrato, que venceria apenas em 2034.
“O histórico recente da companhia, principalmente com o fundo da Rio Bravo, de fato levanta uma percepção de risco de crédito aqui”, disse um analista ouvido pelo Metro Quadrado.
Ainda assim, o especialista aponta duas diferenças relevantes entre os casos. A primeira é o peso do contrato no portfólio de cada fundo.
Enquanto no TRBL11 a locação com os Correios representava cerca de 47% da receita contratada, no BRCO11 ela responde por apenas 3,4% da área bruta locável (ABL). A segunda diferença está no tipo de contrato: enquanto no TRBL11 era atípico, no Bresco é típico — o que proporciona maior flexibilidade para substituição do inquilino em caso de inadimplência.
Fontes próximas à negociação destacam que, para a gestão do BRCO11, os Correios não representam risco acima da média por serem uma empresa estatal. “Problemas podem ocorrer com qualquer inquilino”, disse uma fonte.