
A Cosan (CSAN3) assinou um memorando de entendimentos com o grupo ERG, do Cazaquistão, para avaliar a compra da Bamin (Bahia Mineração). Operação acontece em meio ao processo de desinvestimentos da holding para reduzir sua alavancagem.
As informações são do Lauro Jardim, no O Globo. Segundo a apuração, a Cosan também já procurou o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para tratar do interesse na compra.
A conversa foi com a Casa Civil, uma tentativa de suavizar eventuais resistências políticas e mostrar alinhamento com os planos de desenvolvimento regional e de infraestrutura federal.
O risco Bamin para a Cosan
A mineradora, sediada na Bahia, é dona de ativos estratégicos, como a mina Pedra de Ferro, em Caetité, mas enfrenta sérias dificuldades financeiras.
Com uma dívida elevada e necessidade de investimentos bilionários — estimados em US$ 5,5 bilhões —, a Bamin virou um alvo de interesse para a Cosan, que busca expandir sua presença no setor de mineração mesmo após ter se desfeito de sua participação na Vale (VALE3) no início do ano.
O movimento acontece num momento delicado para a companhia, que vem se desfazendo de ativos como parte de sua estratégia de desalavancagem. Apesar disso, a aposta na Bamin indica uma visão de longo prazo — e o apetite por projetos de infraestrutura pesada.
O investimento seria de alto risco e alto impacto: além do valor necessário para capitalizar a mineradora, há desafios logísticos relevantes, como o Porto Sul, em Ilhéus, e a Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste), obras fundamentais para o escoamento da produção de minério.
O interesse da Cosan pode ser visto como um retorno estratégico ao setor, após a saída da Vale. A diferença é que, desta vez, a companhia quer ter o controle operacional do ativo — e não apenas uma fatia minoritária.