Reforçando o caixa

Cosan (CSAN3) recebe R$ 10 bi de BTG e investidores e dispara plano contra dívidas

Com aporte bilionário, grupo busca reduzir alavancagem e recuperar espaço para crescer em meio à pressão nos negócios de energia, etanol e logística.

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cosan shutterstock
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  • Cosan fecha capitalização de R$ 10 bilhões com BTG, Perfin e Rubens Ometto, além de oferta complementar.
  • Objetivo é reduzir dívidas e fortalecer o caixa, após margens mais baixas em açúcar, etanol e combustíveis.
  • Ações acumulam queda de 6,5% em 2025, contra alta de 21% do Ibovespa no mesmo período.

A Cosan (CSAN3) anunciou uma capitalização de cerca de R$ 10 bilhões para reduzir seu endividamento e reforçar o caixa. O acordo inclui a participação de investidores estratégicos como o BTG Pactual, o fundo Perfin Infra e o family office de Rubens Ometto, além de uma oferta complementar de ações.

Nesse sentido, o movimento acontece em um momento de margens menores no setor de açúcar e etanol, além de custos mais altos na distribuição de combustíveis. Desse modo, o grupo aposta na reestruturação para recuperar competitividade e retomar crescimento.

Estrutura do aporte

A operação será dividida em duas ofertas primárias de ações. A primeira já está ancorada pelos investidores estratégicos e prevê emissão de 1,45 bilhão de papéis a R$ 5 cada, com possibilidade de acréscimo de até 25%. O compromisso inicial soma R$ 7,25 bilhões.

O BTG investirá R$ 4,5 bilhões, o Perfin Infra outros R$ 2 bilhões, e Ometto, presidente do conselho da Cosan, colocará R$ 750 milhões. Já a segunda oferta permitirá prioridade a acionistas atuais, podendo levantar até R$ 2,75 bilhões adicionais.

Como parte das condições, haverá períodos de lock-up: metade das ações de investidores não âncora ficará bloqueada por dois anos, e 50% das ações da nova holding ancorada por BTG, Perfin e Ometto não poderão ser negociadas por quatro anos.

Cenário adverso pressiona a companhia

A Cosan, dona de negócios como Raízen, Rumo e operações no agronegócio, enfrenta pressão de juros altos e margens mais apertadas em açúcar e etanol.

Além disso, a empresa enfrenta efeitos da compra de participação na Vale em 2022.
Ela também arca com custos da expansão da rede OXXO, que rompeu a parceria com a FEMSA.

No acumulado de 2025, as ações da Cosan já recuam 6,5%, enquanto o Ibovespa sobe 21%. Esse desempenho reforça a necessidade de medidas para recuperar a confiança dos investidores.

Portanto, segundo analistas, a capitalização busca não apenas aliviar a estrutura de dívidas, mas também garantir espaço para novos investimentos, algo que vinha limitado pelo nível de alavancagem.

Governança e próximos passos

A governança da companhia segue liderada por Rubens Ometto, que continuará na presidência do conselho de administração. Assim, a Cosan manterá cinco assentos, enquanto os outros quatro ficarão com acionistas externos.

Ademais, o CEO Marcelo Martins afirmou que a decisão reforça a confiança da empresa em seu futuro. “Estamos confiantes em nossa decisão de capitalizar a companhia neste momento, o que nos permitirá combinar a desalavancagem com a retomada da trajetória de crescimento”, disse.

Os recursos levantados serão usados exclusivamente para renegociar e amortizar dívidas, permitindo efeito imediato na redução da alavancagem financeira. Por fim, o mercado agora acompanha os desdobramentos para medir o impacto sobre o balanço nos próximos trimestres.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.