Cenário dificil

Cosan, Petrobras e Vale estão entre as empresas mais endividadas na B3; veja como Selic em 15% trava recuperação

Com juros no maior nível em 20 anos, empresas altamente alavancadas enfrentam o aperto do custo financeiro

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Cosan

Cosan (CSAN3), Petrobras (PETR3)(PETR4), Vale (VALE3) e outras seis companhias figuram a lista das empresas mais endividadas da B3. O levantamento feito pela Elos Ayta Consultoria, surge em um momento em que essas empresas sofrem com a elevação da Selic para 15% ao ano. Esse cenário prejudica a recuperação, principalmente, para aquelas que possui unicamente receita em real.

Com o crédito mais caro e o refinanciamento mais difícil, o mercado começa a reprecificar o risco financeiro.

A Cosan tem motivos para estar no topo da lista: a holding soma R$ 67 bilhões em dívidas, enquanto sua controlada Raízen (RAIZ4) carrega outros R$ 68,4 bilhões.

Juntas, acumulam R$ 135,4 bilhões em obrigações financeiras — valor só superado por uma empresa na bolsa: a Petrobras, com impressionantes R$ 370,3 bilhões.

As 10 maiores dívidas corporativas da B3

O levantamento revela o ranking das empresas com maior dívida bruta da bolsa brasileira:

EmpresaDívida Bruta
Petrobras (PETR4)R$ 370,3 bi
Vale (VALE3)R$ 92,9 bi
Suzano (SUZB3)R$ 91,0 bi
Eletrobras (ELET3)R$ 71,0 bi
Raízen (RAIZ4)R$ 68,4 bi
Cosan (CSAN3)R$ 67,0 bi
Marfrig (MRFG3)R$ 63,5 bi
Simpar (SIMH3)R$ 59,2 bi
Equatorial (EQTL3)R$ 54,4 bi
CSN (CSNA3)R$ 53,2 bi

Custo da dívida em alta

“A alta da Selic aumenta o custo de rolagem e financiamento das empresas e acende o alerta para o impacto do custo financeiro sobre os resultados”, explica Einar Rivero, CEO da Elos Ayta.

Segundo ele, empresas com estrutura de capital agressiva precisam se reequilibrar ou correm o risco de ver sua rentabilidade evaporar com o aumento da despesa financeira.

O mercado, por sua vez, começa a penalizar esse risco no preço das ações, como visto com a Cosan.

Nem tudo está atrelado à Selic

Por outro lado, Rivero destaca que boa parte da dívida dessas companhias está atrelada ao mercado internacional, com juros menores e prazos mais longos que os praticados no Brasil.

“Mesmo com a Selic em patamar elevado, a pressão sobre o serviço da dívida pode ser mitigada, principalmente para companhias com boa parte de seus passivos em moeda estrangeira, como Petrobras, Vale e Suzano”, afirmou o executivo.

Além disso, a recente queda do dólar também joga a favor de empresas com dívida externa, pois reduz o valor da obrigação em reais.

“A queda do dólar contribui para a redução do saldo devedor em reais, gerando ganhos financeiros contábeis que podem inclusive superar os impactos negativos dos juros domésticos altos”, disse Rivero.

José Chacon
José Chacon

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.