
- 16 Fiagros ainda enfrentam inadimplência, sendo 13 da crise de 2024.
- Novos casos envolvem VICA11, OIAG11 e NCRA11, com grandes emissões de CRA.
- Recuperação lenta e alta dos juros continuam pressionando o setor.
Um ano após a crise de crédito que abalou o mercado de Fiagros, os problemas continuam. Levantamento da Uqbar mostra que 16 fundos ainda carregam ativos em inadimplência ou recuperação judicial, sendo 13 deles remanescentes da crise de 2024.
Nesse sentido, mesmo com tentativas de renegociação e reestruturação, a recuperação segue lenta. A persistência desses papéis problemáticos expõe o investidor a riscos mais altos e revela que a estabilidade do setor ainda está longe de se consolidar.
Fundos continuam com os mesmos problemas
Entre os fundos que ainda enfrentam ativos estressados estão nomes conhecidos do mercado. O SFI Investimentos do Agronegócio (IAGR11) permanece com CRAs ligados às empresas Três Irmãos, Piva, Mitre e Castilhos, os mesmos papéis que derrubaram o fundo no auge da crise.
Sendo assim, outro destaque é o Galapagos Recebíveis (GCRA11), que segue com parte da carteira comprometida pelos emissores que entraram em recuperação judicial em 2024. Situação semelhante ocorre com o JGP Crédito (JGPX11) e o JGP Crédito Agro (JGPT11), ambos ainda expostos à AgroGalaxy, empresa que tenta finalizar seu processo de reestruturação financeira.
Na lista também permanecem fundos como o Fiagro BB (BBGO11), Exes Araguaia (AGRX11), Capitânia Agro Crédito (CPAC11), Capitânia Agro Strategies (CPTR11), AZ Quest Luna (AZQA11) e AZ Quest Sole (AAZQ11), além do BTG Pactual Terras Agrícolas (BTRA11), Kijani Asatala (KJNT11) e Greenwich Agro (GRWA11).
Novos fundos entram na lista em 2025
Apesar de ser um problema antigo, a inadimplência ganhou novos capítulos neste ano. Três Fiagros passaram a apresentar atrasos relevantes: o Vinci Crédito Agro (VICA11), o Ourinvest Innovation (OIAG11) e o FYTO Recebíveis do Agronegócio (NCRA11).
Além disso, o VICA11, com patrimônio de R$ 381 milhões, chama atenção pela exposição a CRAs de grande porte, como o CRA Heliomar, que sozinho representa mais de 10% do portfólio. Já o OIAG11 trouxe para o radar o CRA Copagri, ligado ao segmento de insumos agrícolas, que enfrenta forte estresse financeiro.
Esses casos mostram que o risco de crédito continua relevante no agronegócio, mesmo entre fundos com histórico sólido. Portanto, o aumento das taxas de juros e a queda na liquidez do setor rural pioraram a capacidade de pagamento das empresas emissoras de CRAs.
Recuperação lenta e sinais de alerta
A persistência dos mesmos fundos na lista de inadimplência revela que o mercado de Fiagros ainda sente os efeitos do choque de 2024. Muitos desses papéis seguem com baixa liquidez e processos judiciais demorados, o que mantém os investidores pressionados.
Ademais, segundo os relatórios das gestoras, as garantias permanecem válidas, mas a recuperação deve ocorrer de forma gradual. O tempo necessário depende de fatores como taxa Selic, preço das commodities e fluxo de crédito rural.
Para os investidores, o momento exige prudência e diversificação. Fiagros com setores variados, boa gestão e liquidez em bolsa tendem a resistir melhor a períodos de inadimplência. Afinal, dividendos altos podem esconder riscos que só aparecem quando o emissor atrasa o pagamento.