
A tempestade chegou ao setor de veículos elétricos na China. A gigante BYD, considerada uma das líderes globais na produção de carros elétricos, perdeu cerca de US$ 20 bilhões em valor de mercado nos últimos dias, após uma agressiva redução de preços de até 34% que acendeu um alerta vermelho sobre uma possível guerra de descontos desordenada no maior mercado automotivo do mundo.
Essa queda nas ações da BYD ocorreu após a montadora chinesa dar início a cortes de preços em 23 de maio, o que levou concorrentes a reagirem em efeito cascata, acirrando ainda mais a competição.
A resposta do mercado foi imediata e negativa: ações em queda, margens comprimidas e receios de instabilidade no setor.
A movimentação levou até mesmo a Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis (CAAM) a publicar um raro e duro comunicado, no último sábado (31), alertando sobre os perigos de uma concorrência desleal entre as montadoras.
“As guerras de preços desordenadas intensificam a concorrência desleal, comprimindo ainda mais as margens de lucro das empresas”, afirmou a associação, sem citar diretamente a BYD.
A entidade também expressou preocupação com os efeitos colaterais da estratégia agressiva:
“Isso prejudica a qualidade dos produtos, fragiliza o serviço pós-venda, compromete o desenvolvimento saudável do setor e coloca em risco os direitos dos consumidores.”
Rival da BYD em apuros
A situação não se limita à BYD. A Li Auto, outra concorrente relevante, reviu para baixo sua previsão de receita no segundo trimestre, citando demanda fraca — um reflexo direto da instabilidade de preços no mercado e da pressão crescente sobre o consumidor.
Enquanto isso, especialistas alertam que a corrida por fatias de mercado a qualquer custo pode comprometer a sustentabilidade das montadoras e elevar o risco de colapsos financeiros.
Mercado em alerta e consumidores em dúvida
A aparente guerra de preços, embora atraente para consumidores no curto prazo, coloca em xeque a viabilidade econômica de várias empresas e pode desencadear um ciclo de degradação da qualidade e dos serviços.
A CAAM apelou para que as empresas do setor respeitem princípios de “concorrência justa”, evitem práticas monopolistas e, principalmente, não vendam veículos abaixo do custo — uma prática que, segundo a entidade, ameaça todo o ecossistema automotivo.