
- Mapa Capital converteu R$ 1,6 bi em dívidas e assumiu 85% da Casas Bahia.
- Nova controladora promete foco em rentabilidade e mantém confiança no atual CEO.
- Ações da varejista dispararam 70% desde o anúncio, mas desafios ainda são grandes.
Bastou um único movimento para transformar a Mapa Capital, até então pouco conhecida, em protagonista da Faria Lima. Ao converter R$ 1,6 bilhão em dívidas da Casas Bahia, a gestora passou a deter 85% da companhia e assumiu o comando de uma das maiores varejistas do país.
A operação não apenas mudou o controle acionário, mas também levantou dúvidas sobre os próximos passos da empresa. Investidores agora especulam se a nova fase da Casas Bahia será marcada por continuidade ou ruptura na estratégia, com impacto direto sobre sua posição no varejo e suas ações na Bolsa.
Quem está por trás da Mapa
A Mapa Capital é um spinoff da antiga Mauá, criado por André Helmeister, Fernando Beda e Paulo Silvestri, trio com passagens por bancos e multinacionais.
Com bom trânsito no mercado, o grupo construiu reputação em reestruturações de balanço e investimento próprio em empresas em crise.
Além disso, antes da Casas Bahia, a Mapa já havia reestruturado a Plascar, do setor automotivo, e assumido controle da MRO, de logística.
Portanto, o modus operandi segue um padrão: comprar dívidas problemáticas, aliviar o balanço e dar fôlego para a gestão tocar o operacional.
O que muda para a Casas Bahia
Apesar do controle acionário, os sócios da Mapa dizem acreditar no CEO Renato Franklin e não pretendem mudanças drásticas na gestão.
Sendo assim, o foco, segundo eles, será buscar rentabilidade: reduzir linhas de produtos de baixa margem e fortalecer o crediário, um dos maiores ativos da companhia.
Ademais, a principal mudança imediata foi a ampliação do conselho de cinco para sete membros, com três cadeiras ocupadas pela Mapa.
Desse modo, o objetivo declarado é garantir alinhamento estratégico sem interferir no dia a dia da operação.
Efeito no mercado
As ações da Casas Bahia (BHIA3) chegaram a cair após o anúncio da conversão em junho, mas desde então dispararam 70%, reflexo de um movimento de short squeeze.
Hoje, a varejista vale cerca de R$ 2,5 bilhões na B3, e investidores acompanham de perto os próximos capítulos da reestruturação.
Além disso, para analistas, o desafio é grande: recuperar margens em um varejo pressionado por juros altos e competição acirrada.
Por fim, a entrada da Mapa gera expectativa de maior disciplina financeira e possibilidade de destravar valor no médio prazo.