Comércio exterior

Déficit com os EUA explode em julho e alimenta discurso de Trump contra o Brasil

Importações disparam, exportações decepcionam e balança comercial acende alerta em meio a tensões tarifárias.

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  • Déficit com EUA explode em julho: saldo negativo sobe 1.338% e alcança US$ 560 milhões no mês.
  • Trump usa dados para justificar tarifa: presidente cita “ameaça à segurança nacional” em carta enviada a Lula.
  • Saldo global ainda é positivo: superávit de US$ 7,1 bilhões em julho, mas com queda de 6,3% na base anual.

A balança comercial entre Brasil e Estados Unidos registrou em julho um déficit de US$ 560 milhões, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic). O resultado representa um salto de 1.338,6% em relação ao mesmo mês de 2024, quando o saldo negativo havia sido de apenas US$ 38,9 milhões.

No acumulado de 2025, o déficit comercial entre os dois países já chega a US$ 2,26 bilhões. O avanço expressivo do rombo ocorre justamente em meio à deterioração das relações comerciais bilaterais, marcadas pelo tarifaço de 50% imposto pelo presidente dos EUA, Donald Trump, a produtos brasileiros.

Importações disparam e desequilibram a balança

Em julho, as importações de produtos norte-americanos cresceram 18,2% na comparação anual, totalizando US$ 4,27 bilhões. Enquanto isso, as exportações brasileiras aos EUA subiram apenas 3,8%, alcançando US$ 3,71 bilhões. O descompasso entre os fluxos elevou o déficit para o maior patamar mensal desde 2018.

A corrente de comércio entre os dois países somou US$ 7,98 bilhões no mês, com crescimento de 11%. Embora o número represente dinamismo nas trocas, a composição desfavorável acende um alerta para a equipe econômica brasileira.

Economistas avaliam que o câmbio, os preços internacionais e o encarecimento de alguns produtos industrializados pesaram no desempenho. Além disso, a dependência de insumos americanos em setores como farmacêutico, automotivo e tecnologia impulsionou as compras externas.

Trump cita déficit como justificativa para tarifaço

O presidente Donald Trump tem usado a balança comercial como argumento político. Em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Trump afirmou que os déficits com o Brasil são “insustentáveis” e ameaçam a segurança nacional dos EUA.

Na mensagem, Trump acusou o Brasil de manter “barreiras tarifárias e não tarifárias” que prejudicam as empresas americanas. “Essas tarifas são necessárias para corrigir os muitos anos de práticas desleais do Brasil”, escreveu o republicano.

A retórica protecionista marca mais um capítulo da escalada comercial entre os dois países. Desde que reassumiu a Casa Branca, Trump vem endurecendo o tom com parceiros comerciais, incluindo México, China e União Europeia. O Brasil, agora, entra com força nesse radar.

Superávit global cai, mas comércio total cresce

Apesar do déficit crescente com os Estados Unidos, o Brasil registrou superávit comercial global de US$ 7,1 bilhões em julho. O saldo, porém, representa uma queda de 6,3% frente ao mesmo mês do ano anterior, quando havia atingido US$ 7,6 bilhões.

As exportações totais somaram US$ 32,3 bilhões, com destaque para produtos agrícolas e minerais. Já as importações ficaram em US$ 25,2 bilhões, influenciadas pela compra de combustíveis, fertilizantes e bens de capital. A corrente de comércio totalizou US$ 57,5 bilhões, alta de 6,3% no comparativo anual.

O número confirma que o comércio exterior brasileiro segue aquecido, mas enfrenta desafios importantes. As tensões com os EUA, somadas à desaceleração da China e à instabilidade cambial, aumentam a pressão sobre a balança nos próximos meses.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.