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Depois de cair 83% desde o IPO, ação dispara 10% em um dia: entenda o que acendeu a alta e se vale comprar

Raízen salta após rumor de novo sócio e vira destaque do Ibovespa, porém a Petrobras negou estudos e o caso segue em avaliação por analistas.

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Raízen (RAIZ4)
Foto: Reprodução.
  • A ação subiu 10,5% após rumor de entrada da Petrobras e segurou parte do repique mesmo com a negativa oficial.
  • O histórico recente mostra dívida alta, fluxo de caixa pressionado e desempenho inferior ao de pares do setor.
  • Analistas veem potencial de recuperação com capital novo e vendas de ativos, mas reforçam que o risco permanece elevado.

A Raízen (RAIZ4) subiu 10,5% na última segunda-feira (18), fechando a R$ 1,15 e liderando as altas do Ibovespa. O repique veio depois da notícia de que a Petrobras (PETR4) avaliaria investir na companhia.

Mesmo com o alívio, o papel ainda vale uma fração do que já valeu. Desde o auge pós-IPO, em 2021, a queda acumulada ronda 83%, o que mantém a discussão sobre risco e oportunidade.

O que puxou a alta

O gatilho do dia foi a reportagem que citou conversas para um possível aporte ou compra de ativos, o que ajudaria a reforçar o caixa. O mercado reagiu rápido e elevou o preço no intraday.

Pouco depois, a Petrobras divulgou comunicado e negou estudos formais, mas o ímpeto comprador persistiu por leitura técnica de curto prazo.

Além disso, agentes viram chance de alívio na percepção de crédito caso um sócio estratégico chegue, ainda que isso traga diluição ao acionista atual.

Como a ação chegou até aqui

A dívida líquida subiu 56% em um ano e alcançou cerca de R$ 49 bilhões, pressão que encareceu o custo financeiro. A empresa cortou capex, vendeu ativos e fechou unidades para preservar caixa.

O ciclo de cana começou mais fraco, com clima adverso e menor diluição de custos, enquanto a divisão de Mobilidade enfrentou competição dura.

Mesmo com ganhos pontuais de eficiência, o fluxo de caixa livre permaneceu negativo, e o papel caiu perto de 70% em 12 meses, abaixo de pares do setor.

Comprar agora faz sentido?

Casas divergem. O Bradesco BBI mantém compra com preço-alvo em R$ 2,00, pois vê espaço para recuperação se a desalavancagem andar.

O BTG também recomenda compra e mira R$ 3,00, citando melhora de qualidade nos resultados e cortes de despesas.

Já o UBS BB está neutro com alvo em R$ 1,50 e ressalta que a desalavancagem precisa acelerar. No consenso LSEG, a média de alvo em R$ 2,49 sugere potencial, porém o risco segue elevado.

O que observar daqui para frente

A empresa e os controladores discutem um aumento de capital, ainda em estágio inicial, para reforçar o balanço.

A agenda de desinvestimentos continua e pode incluir usinas no Centro-Oeste e ativos na Argentina para levantar caixa.

A safra 25/26 precisa ganhar ritmo para melhorar margens, enquanto o custo da dívida pede disciplina financeira.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.