
- Citi reduz preço-alvo da ação WEGE3 de R$ 62 para R$ 53, mas segue confiante na tese de valorização
- Impacto das tarifas de 50% dos EUA deve afetar menos de 7% do Ebitda, segundo analistas
- WEG prepara redirecionamento da produção para o México e outros países, evitando maiores perdas
A WEG (WEGE3) voltou aos holofotes do mercado financeiro após o Citi revisar suas estimativas para a companhia. Apesar de ter reduzido o preço-alvo das ações de R$ 62 para R$ 53, o banco norte-americano manteve sua recomendação de compra e minimizou os impactos das novas tarifas de importação impostas pelos Estados Unidos. A avaliação foi publicada em relatório na noite de segunda-feira (28).
Os analistas do Citi reconhecem que 2025 tem sido um ano difícil para os investidores da fabricante brasileira. Enquanto o Ibovespa sobe cerca de 10% no acumulado do ano, a WEG amarga uma queda de quase 30%. Ainda assim, o time vê potencial de recuperação, destacando que a ação está sendo negociada com o maior desconto em 15 anos frente aos pares globais.
Pressão das tarifas pode ser limitada
O Citi estima que as tarifas de 50% anunciadas pelos EUA sobre exportações brasileiras devem afetar menos de 7% do Ebitda da WEG. Segundo os analistas, cerca de um terço dos 22% da receita exportada a partir do Brasil tem como destino o mercado norte-americano. No entanto, o banco avalia que a empresa está se antecipando ao cenário.
De acordo com a própria companhia, parte da produção deverá ser realocada para países como o México, que é protegido pelo tratado USMCA, o acordo de livre comércio entre Estados Unidos, México e Canadá. Outros destinos também estão em análise. A estratégia visa manter a competitividade dos produtos da empresa mesmo em meio ao tarifaço.
Com essa movimentação, o Citi acredita que o impacto final nas margens operacionais ficará entre 5% e 7%. Apesar do cenário desafiador, os analistas consideram que a WEG possui ferramentas e agilidade suficientes para preservar sua eficiência operacional.
Desempenho fraco no trimestre e sinais de recuperação
No segundo trimestre de 2025, a companhia decepcionou o mercado com resultados abaixo das expectativas. O relatório do Citi aponta que margens comprimidas e oscilações cambiais prejudicaram a performance. Ainda assim, a expectativa é de que os próximos meses tragam alguma recuperação.
Os analistas acreditam que o segundo semestre será mais favorável, puxado por um mix de produtos com margens mais altas e pelo bom desempenho do segmento de Transmissão e Distribuição, sobretudo na América do Norte. A demanda por equipamentos de infraestrutura energética continua sólida e deve sustentar parte do crescimento.
Mesmo com os desafios globais, o banco aposta em melhora gradual das margens e maior estabilidade no câmbio, o que pode beneficiar o lucro da companhia até o fim do ano. O Citi também observa que a capacidade da WEG de reagir rapidamente às mudanças do ambiente internacional é um diferencial importante.
Valuation atrativo chama atenção dos analistas
Um dos principais argumentos do Citi para manter a recomendação de compra é o valuation da empresa. Atualmente, a WEG negocia com um desconto de 36% no múltiplo preço sobre lucro (P/L) em relação a seus concorrentes internacionais, uma reversão significativa frente ao histórico da empresa, que costumava ter prêmio de até 30% sobre os pares.
Além disso, esse descompasso, segundo o banco, pode representar uma oportunidade para investidores de longo prazo. A empresa ainda apresenta geração de caixa robusta e modelo de negócios resiliente, o que justifica a permanência na carteira recomendada, mesmo em meio a incertezas.
Por fim, a recomendação de compra se sustenta na visão de que o atual patamar de preços não reflete adequadamente o potencial de recuperação da companhia. Caso as estratégias de mitigação de tarifas avancem com sucesso, a WEG pode surpreender o mercado no segundo semestre.