
- BR Partners mantém payout elevado e ROE acima de Itaú e BB, mesmo com juros a 15%
- Banco aposta em listagem nos EUA para atrair fundos estrangeiros e ampliar liquidez
- Dividendos seguem consistentes, mesmo com mercado de M&A e IPOs desaquecido
Mesmo com juros a 15% e volatilidade na bolsa, o BR Partners (BRBI11) se destaca entre as small caps por manter rentabilidade elevada e distribuição robusta de proventos. O banco projeta ROE acima de 20% para 2025 e payout superior a 70%, mantendo atratividade para o investidor de longo prazo.
Com queda na demanda por fusões e aquisições, IPOs e emissões, o banco sentiu o baque macroeconômico, mas reagiu rápido: cortou custos, manteve dividendos e prepara uma listagem via ADRs nos EUA até setembro. A estratégia mira fundos globais e pode triplicar a liquidez dos papéis.
Saem os fundos locais, entram os gringos
O BR Partners levantou R$ 400 milhões no IPO em 2021, com apoio de 16 fundos institucionais brasileiros. Mas, com o tempo, parte deles desapareceu e outros reduziram exposição. Hoje, mais de 60% das ações em circulação estão nas mãos de investidores pessoa física, atraídos, principalmente, pelos dividendos.
Entre os 38% restantes, 15% já pertencem a fundos estrangeiros, segundo o diretor de RI Vinícius Carmona. A expectativa é atrair ao menos três novos fundos internacionais até o fim de 2025 com a listagem nos EUA. O banco estuda criar ADRs sob regulação da SEC, o que dará acesso a veículos focados em small caps globais.
Apesar do porte modesto, valor de mercado de R$ 1,66 bilhão, a gestão confia que o modelo de banco boutique, comum nos EUA, possa cativar investidores internacionais. “Já mapeamos fundos e percebemos interesse, principalmente pela política de dividendos e ROE consistente”, disse Carmona.
Os executivos descartam a venda do banco ou deslistagem da B3. O objetivo é complementar a base atual, não substituí-la. “Nosso foco segue no investidor pessoa física. A liquidez maior será positiva para todos”, afirma o CFO José Flávio Ramos.
Lucros, dividendos e parceria dos sócios
O BR Partners tem histórico de rentabilidade estável, mesmo em cenários desafiadores. Em 2024, o ROE alcançou 23,8%, superando até os grandes bancos. A estimativa para 2025 mantém o nível acima de 20%, mesmo diante da incerteza externa provocada pelas tarifas de 50% anunciadas por Donald Trump.
Segundo Ramos, um acordo razoável entre Brasil e EUA ainda é possível. Mas, mesmo que o impasse persista, o retorno sobre patrimônio continuará acima do custo de capital, mantendo a tese atrativa. O banco também confirmou a continuidade da política de distribuição trimestral de dividendos.
Desde o IPO, o dividend yield médio foi de 11,67%. Em 2024, o banco distribuiu R$ 211 milhões em proventos, com payout de 110%. A política mínima é de 25%, mas na prática o percentual tem superado 60% ano após ano.
O modelo de partnership da companhia fortalece o alinhamento entre sócios e investidores. Os 35 sócios controlam 55% das ações e recebem parte da remuneração via dividendos, o que reforça o compromisso com retorno ao acionista.
M&A em pausa, mas oportunidades surgem
No primeiro semestre de 2025, o setor de M&A patinou: apenas duas operações foram concluídas, bem abaixo da média histórica. O mercado de capitais também se manteve travado, com escassez de ofertas públicas. Mesmo assim, a gestão enxerga um segundo semestre mais promissor.
De acordo com Carmona, há negócios em maturação no pipeline. Setores como energia, saneamento, seguros e real estate surgem como os mais aquecidos. Crises externas, como a tarifa de Trump, dificultam a execução, mas também abrem espaço para movimentos oportunistas.
Ramos reconhece que o ambiente é desafiador, mas diz que a gestão segue atenta. “O segredo é saber navegar. Nosso trabalho é manter a estrutura enxuta, preservar o caixa e seguir remunerando quem confia na gente.”
Enquanto outros bancos esperam por um novo ciclo de IPOs, o BR Partners aposta em disciplina operacional e proximidade com o investidor. O lançamento das ADRs é um passo ousado, mas coerente com o posicionamento de longo prazo da empresa.