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Dólar abre em alta com tensão 'sem fim' das tarifas de Trump

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Dólar
Foto: iStock

O dólar abriu esta terça-feira (15) em alta, ainda sob o desconforto com a tarifa de 50% imposta por Donald Trump sobre produtos brasileiros, anunciada na semana passada. Por volta das 09:05, a moeda americana subia 0,21%, cotada a R$ 5,595.

A medida, que tem motivação política segundo analistas e declarações do próprio presidente americano, já começa a tensionar as relações diplomáticas e comerciais entre os dois países.

Essa taxação sobre produtos do Brasil é rejeitada por 62,2% dos brasileiros, segundo pesquisa da AtlasIntel, divulgada nesta terça-feira (15).

O mercado também repercute novas ameaças de Trump, que agora mira a Rússia: ele afirmou que, caso o país não encerre a guerra contra a Ucrânia, poderá ser alvo de uma tarifa punitiva de 100% sobre suas exportações.

Em paralelo, o presidente americano voltou a atacar o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, defendendo que os juros americanos deveriam estar abaixo de 1% — uma pressão política que aumenta a incerteza sobre a condução da política monetária no país.

IBC-Br fraco acende alerta sobre economia brasileira

No cenário doméstico, o clima também é de cautela após a divulgação do IBC-Br de maio, considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB).

O indicador veio abaixo das expectativas dos economistas e sinaliza que o crescimento do segundo trimestre pode ser mais fraco do que o observado nos primeiros três meses do ano.

Esse dado reforça a percepção de desaceleração econômica e pode influenciar o comportamento do câmbio e as apostas para a taxa Selic.

Além disso, pesa no radar local a possibilidade de o presidente Lula assinar um decreto que regulamenta a Lei de Reciprocidade, o que abriria espaço para retaliação tarifária contra os EUA.

A medida, se confirmada, pode ampliar ainda mais a tensão no comércio bilateral e afetar diretamente o fluxo de capital estrangeiro.

Foco nas falas do Fed e dados dos EUA

Nos Estados Unidos, o dia é recheado de eventos importantes. Às 9h30 (horário de Brasília), será divulgado o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) de junho, indicador-chave para calibrar as expectativas sobre os juros americanos.

E ao longo do dia, diversos membros do Fed e do FOMC — como Bowman, Barr, Barkin e Collins — farão discursos que devem ser cuidadosamente monitorados pelos investidores em busca de pistas sobre os próximos passos da autoridade monetária.

Já na zona do euro, os mercados absorvem os dados de produção industrial de maio, divulgados antes da abertura dos mercados, que também podem influenciar o apetite global por risco.

No Brasil, a agenda econômica está esvaziada, mas o ambiente político e externo deve continuar ditando o rumo do câmbio.

José Chacon
José Chacon

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.