O dólar à vista (USDBRL) alcançou hoje o maior valor nominal de fechamento da história, cotado a R$6,0829 (+0,20%), representando um aumento de 0,20%. O recorde anterior foi registrado na última sexta-feira (6), quando a moeda terminou o dia a R$6,0708. A alta do dólar reflete a pressão exercida pela expectativa de novas elevações na taxa de juros no Brasil, além de influências externas como os estímulos econômicos da China.
O movimento do dólar seguiu a tendência observada no mercado externo. O índice DXY, que mede o valor do dólar frente a uma cesta de seis moedas globais, subiu 0,10%, fechando em 106,153 pontos. Esse comportamento do dólar foi reforçado pela expectativa de novos estímulos fiscais na China, o que ajudou a limitar os ganhos da moeda norte-americana no mercado doméstico.
No Brasil, o real foi pressionado por uma combinação de fatores internos. O risco de desidratação do pacote fiscal em tramitação no Congresso e o aumento das expectativas de uma nova alta na Selic têm sido os principais pontos de preocupação para os investidores. O Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (9) trouxe a previsão de que a taxa básica de juros deve subir de 11,75% para 12% até o final deste ano, com o Comitê de Política Monetária (Copom) se reunindo entre terça (10) e quarta-feira (11) para decidir sobre a taxa. A expectativa é de um aumento de 0,75 ponto percentual, embora algumas apostas apontem para um aumento mais agressivo de 1 ponto percentual.
Além disso, os investidores estão atentos à divulgação dos dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de novembro, que será publicado amanhã (10). O mercado projeta uma desaceleração na inflação mensal, de 0,56% em outubro para 0,37% em novembro. Em 12 meses, o índice de preços deve mostrar um crescimento de 4,85%, ligeiramente acima dos 4,76% registrados no mês passado.
Expectativa de cortes de juros nos EUA pesa sobre a moeda
Do lado externo, os investidores também estão atentos ao Federal Reserve, que deve anunciar sua próxima decisão sobre os juros entre os dias 17 e 18 de dezembro. De acordo com as expectativas do mercado, há 85,8% de chance de que o Fed reduza a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, o que tende a enfraquecer o dólar.
A redução dos juros nos EUA torna os títulos do Tesouro norte-americano menos atrativos, o que, por sua vez, fomenta o apetite por ativos mais arriscados em mercados com rendimentos mais altos, como o Brasil.
Apesar da pressão interna e das expectativas de aumento dos juros no Brasil, a alta do dólar foi limitada pela expectativa de novos estímulos fiscais na China, que podem beneficiar países exportadores de commodities, como o Brasil.