- O dólar à vista registra alta de 1,08%, cotado a R$ 6,158, ampliando os ganhos da véspera devido a preocupações fiscais
- O BC realizou um leilão de swap cambial para rolar vencimentos de contratos, tentando conter a pressão sobre o câmbio
- A ata do Copom destacou a deterioração do cenário fiscal, apontando que a alta do câmbio e a inflação impactam a política monetária
- A incerteza sobre a aprovação das medidas fiscais até o final do ano, com o recesso parlamentar próximo, aumenta a tensão no mercado
O dólar à vista operava com forte alta nesta terça-feira (17), ampliando os ganhos registrados no dia anterior.
Às 10h16, a moeda americana subia 1,08%, cotada a R$ 6,158 na venda, com investidores reagindo a receios sobre o cenário fiscal no Brasil. Mesmo com o Banco Central realizando leilão de dólares à vista para tentar suavizar a pressão sobre a moeda, o mercado continuava dominado pela preocupação com as questões fiscais que afetam a economia do país.
Maior valor da história
Na segunda-feira (16), o dólar fechou em alta de 1,04%, cotado a R$ 6,092, o maior valor nominal de fechamento da história. Esse movimento reflete os temores do mercado de que o governo brasileiro não consiga implementar suas medidas fiscais de contenção de gastos até o final do ano. Contudo, diante de um cenário político instável e das dificuldades em tramitar o pacote de reformas no Congresso.
A pressão sobre o real ocorre, em parte, devido ao impacto do cenário fiscal no Brasil. Visto que, voltou a dominar o noticiário após a divulgação da ata da mais recente reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central.
O BC anunciou no mês passado uma elevação de 1 ponto percentual na taxa Selic, que agora está em 12,25% ao ano. E, além disso, indicou a possibilidade de mais dois aumentos no ano de 2025.
Ata do Copom destaca riscos fiscais
Na publicação da ata nesta terça-feira, o Banco Central indicou que a deterioração do cenário fiscal é um dos principais elementos que têm prejudicado o efeito do aperto monetário no controle da inflação.
O BC apontou que, além do aumento nos gastos públicos, a expectativa de inflação e a alta do câmbio também estão dificultando a eficácia das medidas de juros.
A ata do Copom trouxe à tona o impacto da percepção do mercado sobre as recentes políticas fiscais do governo. Contudo, que foram interpretadas como sinais de um risco crescente para a estabilidade econômica do país.
O documento alertou que o prêmio de risco e as expectativas de inflação foram elevados. Dessa forma, o que afetou diretamente os preços de ativos e a taxa de câmbio.
Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital, comentou que a ata deixou claro um “recado” do Banco Central ao governo. Ainda, sugerindo que as políticas fiscais devem ser mais previsíveis e anticíclicas para evitar choques na economia. Essa “crítica velada” à política de gastos públicos reforça o pessimismo dos investidores. E, assim, tem sido um dos principais fatores que explicam a alta do dólar nesta terça-feira.
Incertezas fiscais e desafios para aprovação das medidas
Além disso, o cenário fiscal continua sendo o centro das preocupações no mercado. A expectativa de que o governo possa não conseguir aprovar suas medidas de contenção de gastos até o fim do ano, especialmente com o recesso parlamentar se aproximando, agrava o clima de incerteza.
O Congresso tem até sexta-feira (20) para votar as propostas. Assim, o que aumenta a pressão sobre os parlamentares e o governo, que precisa encontrar uma solução para reduzir o déficit fiscal.
O presidente Lula está se recuperando de uma cirurgia e não tem participado ativamente das articulações políticas. Dessa forma, o que também tem dificultado as negociações.
Além disso, a questão do pagamento de emendas parlamentares tem sido um ponto de discórdia no Congresso. Dessa forma, com investidores acreditando que a falta de consenso sobre o tema pode travar a aprovação das medidas.
Trajetória de alta
Com a crescente preocupação com o cenário fiscal, o dólar à vista mantém sua trajetória de alta, e a incerteza sobre a capacidade do governo em implementar as reformas necessárias permanece.
Enquanto isso, o Banco Central segue atuando no mercado, realizando leilões de swap cambial para tentar conter os efeitos da volatilidade cambial. Mas os investidores continuam atentos aos desdobramentos políticos e fiscais do país.