
- Real atinge menor valor em 14 meses e se destaca entre moedas emergentes.
- Diferencial de juros atrai estrangeiros e fortalece o câmbio.
- Cenário pode mudar com decisões do Fed, risco fiscal e fatores políticos internos.
O dólar voltou a surpreender os investidores ao recuar para R$ 5,32, o menor patamar desde junho de 2024. O movimento coloca o real em destaque entre as moedas emergentes, em um cenário de maior apetite global por risco e expectativas de cortes de juros nos Estados Unidos.
Apesar da valorização recente, analistas alertam que o câmbio pode enfrentar oscilações bruscas caso fatores internos e externos mudem. A grande dúvida é se esse período favorável tem fôlego para se sustentar até o fim do ano.
Real ganha força no mercado internacional
Segundo levantamento da Genial Investimentos, o real figurou entre as moedas que mais se destacaram na última semana. Entre os dias 8 e 12 de setembro, a moeda brasileira valorizou 1,22%, superando o euro e a libra esterlina no mesmo período.
Esse desempenho está ligado ao diferencial de juros no país, com a Selic em 15% ao ano, que torna o chamado carry trade mais atrativo. Estrangeiros captam recursos em países de juros baixos e aplicam em ativos brasileiros, gerando lucros com a diferença.
O resultado é uma entrada maior de capital no país, reduzindo a pressão sobre o câmbio e fortalecendo o real. Esse movimento, no entanto, pode ser revertido rapidamente se o cenário global mudar.
Expectativas para a cotação do dólar
De acordo com a XP Investimentos, o Dólar Futuro indica tendência de baixa. O movimento pode levar a moeda a testar suportes em R$ 5,34 e até R$ 5,25, caso o fluxo de capital estrangeiro permaneça intenso.
As médias móveis de 21 e 200 dias, que funcionam como guias da direção do mercado, reforçam esse cenário. O Índice de Força Relativa (IFR) também sugere espaço para continuidade da queda, embora aponte possibilidade de repiques pontuais.
Por outro lado, se o dólar voltar a romper resistências em R$ 5,43, pode buscar níveis de R$ 5,56, o que traria uma correção depois da recente queda acentuada.
O que pode virar o jogo no câmbio
Especialistas destacam que a trajetória do real depende não apenas do diferencial de juros, mas também das sinalizações do Federal Reserve. Caso o banco central americano acelere os cortes de taxas, o real deve seguir ganhando força. Se o Fed endurecer o discurso contra a inflação, o movimento pode se inverter.
No Brasil, fatores domésticos como o risco fiscal, a inflação e as incertezas eleitorais também pesam. Ruídos políticos em ano pré-eleitoral podem afetar a confiança do investidor estrangeiro e limitar a valorização da moeda.
Além disso, a desaceleração da economia chinesa e correções técnicas após a forte alta recente são elementos que podem colocar freio no real, deixando o câmbio mais volátil.