
- Dólar à vista chegou a R$ 5,59 nesta segunda-feira (28), maior cotação desde o início de julho.
- Mercado reagiu ao acordo comercial entre EUA e União Europeia firmado no domingo.
- Investidores monitoram risco de tarifaço americano contra produtos brasileiros.
O dólar iniciou a semana em alta frente ao real, impulsionado por fatores externos e tensões comerciais. Nesta segunda-feira (28), a moeda norte-americana chegou a bater R$ 5,59 nas primeiras negociações, refletindo o impacto imediato do novo acordo comercial firmado entre Estados Unidos e União Europeia no domingo (27).
Às 9h32, o dólar à vista avançava 0,40%, sendo negociado a R$ 5,5850 no mercado à vista. O movimento ocorre após a divisa já ter encerrado a sexta-feira (25) em forte alta, cotada a R$ 5,5622, com ganho de 0,74% no dia.
Acordo EUA-UE pressiona emergentes
O pacto comercial firmado entre Washington e Bruxelas reacendeu preocupações entre países em desenvolvimento, como o Brasil. Isso porque o acordo amplia as vantagens competitivas para produtos europeus nos EUA, ao mesmo tempo em que o governo Trump ameaça impor tarifas de 50% sobre itens brasileiros.
Esse cenário gera cautela nos investidores e impulsiona a demanda por dólar, considerado um ativo de proteção em momentos de incerteza. Além disso, há expectativa de reprecificação global de ativos, com desvalorização das moedas de mercados emergentes.
Segundo analistas ouvidos pelo mercado, o movimento do dólar reflete uma fuga para segurança, já que o acordo sinaliza maior alinhamento comercial entre grandes potências ocidentais, em detrimento de países fora desse eixo.
Brasil no radar do tarifaço de Trump
A maior preocupação, no entanto, vem da retórica recente do presidente Donald Trump. O republicano indicou que o Brasil poderá ser o próximo alvo de um pacote tarifário, caso as negociações com o governo Lula não avancem.
O agronegócio é o setor mais exposto, com destaque para exportações de carne, café, soja e açúcar. O mercado teme que, caso as tarifas sejam aplicadas, o país enfrente uma queda brusca nas vendas externas e na entrada de dólares.
Como resultado, o câmbio tende a reagir de forma defensiva. O real, que já vinha sob pressão em julho, continua perdendo força diante da perspectiva de conflitos comerciais diretos com os Estados Unidos.
Perspectiva para o câmbio continua instável
Com o real acumulando perdas em julho e o ambiente internacional cada vez mais volátil, o consenso entre os analistas é de que a taxa de câmbio seguirá sensível a notícias políticas e comerciais nos próximos dias.
Embora o Banco Central tenha mantido sua política de intervenção limitada no câmbio, alguns operadores já especulam sobre uma possível atuação mais firme caso o dólar ultrapasse os R$ 5,60 com força.
Além do fator Trump, investidores também observam os desdobramentos da reunião do Fed nesta semana, que pode influenciar o comportamento da moeda em nível global. Uma postura mais agressiva do banco central americano tende a fortalecer ainda mais o dólar.