
- Dólar volta a subir e encosta em R$ 5,66, refletindo incertezas econômicas e temores externos sobre política comercial dos EUA
- Mercado aguarda divulgação de dados cruciais, como o Caged, a dívida pública e o fluxo cambial, que podem redefinir expectativas econômicas
- Risco fiscal e ruídos internos continuam a pressionar o real, enquanto dólar turismo já ultrapassa R$ 5,87 na compra
O dólar voltou a ganhar força nesta quarta-feira (28), refletindo a apreensão dos investidores diante da agenda econômica intensa no Brasil e das incertezas em torno da política comercial dos Estados Unidos.
Às 9h09, a moeda norte-americana operava em alta de 0,16%, cotada a R$ 5,654 no mercado à vista. No mercado futuro da B3, o dólar para o vencimento de junho (o mais negociado) avançava 0,25%, aos 5.657 pontos.
O movimento ocorre em meio à expectativa por dados cruciais da economia brasileira, que podem definir o tom do mercado para os próximos dias. O principal destaque do dia é o relatório do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), com divulgação prevista para 15h30.
A expectativa de economistas consultados pela Reuters é de criação de 175 mil vagas formais de trabalho em abril. Contudo, um número expressivamente maior do que os 71.576 postos gerados em março, o que poderia indicar um aquecimento do mercado de trabalho.
Antes disso, às 14h30, o Tesouro Nacional divulgará o Relatório Mensal da Dívida Pública, documento que detalha o comportamento e a composição da dívida federal. No mesmo horário, o Banco Central trará os números do fluxo cambial de maio até o dia 23. Portanto, informação relevante para entender o movimento de entrada e saída de dólares no país.
Influência direta
A combinação desses dados pode influenciar diretamente as decisões dos investidores quanto à direção do real frente ao dólar. Além disso, o desempenho da moeda americana também reflete tensões externas, especialmente no que diz respeito à postura comercial dos Estados Unidos.
A possibilidade de novas barreiras tarifárias e sinais de protecionismo por parte do governo norte-americano aumentam a aversão ao risco em mercados emergentes, como o Brasil.
Na véspera, o dólar à vista havia recuado 0,52%, encerrando o dia cotado a R$ 5,6464, em um movimento de correção após fortes altas recentes. A trégua, no entanto, foi passageira.
O ambiente doméstico ainda é marcado por ruídos na comunicação fiscal do governo, o que alimenta desconfianças sobre o compromisso do Planalto com o equilíbrio das contas públicas e mantém a pressão sobre o câmbio.
No mercado paralelo, o dólar turismo também registra valorização, sendo vendido a R$ 5,695, enquanto a cotação de compra está ainda mais elevada, em R$ 5,875, refletindo a menor liquidez e maior risco da operação.
Os próximos passos do dólar dependerão, em grande parte, da leitura que o mercado fará dos indicadores econômicos brasileiros ao longo do dia e da evolução da política monetária dos Estados Unidos.
Caso os dados do Caged e da dívida pública venham fortes e reforcem a percepção de recuperação da economia nacional, pode haver um alívio temporário na cotação da moeda americana. Caso contrário, o dólar pode manter a escalada e renovar a máxima do ano.