Câmbio

Dólar hoje a R$ 5,42: veja por que a moeda atingiu pior desempenho dos últimos 50 anos

Expectativa de corte de juros nos EUA, pressão política e movimento global de investidores estão virando o jogo no câmbio — e o real é um dos maiores beneficiados

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O dólar iniciou julho em queda frente ao real, influenciado por uma combinação de fatores locais e globais que favoreceram a moeda brasileira. A disputa pela Ptax de fechamento do trimestre pressionou a moeda norte-americana para baixo, enquanto o ambiente internacional trouxe novo alívio para o câmbio com a queda nos rendimentos dos Treasuries e declarações mais suaves de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed).

Por volta das 09:05, desta terça-feira (1°), a moeda registrava queda de 0,12%, cotada a R$ 5,427.

O real tem se valorizado frente ao dólar, mas esse movimento faz parte de um enfraquecimento global da moeda americana, que acumula queda de mais de 10% em 2025 — a pior performance para um primeiro semestre desde 1973.

Na segunda-feira (30), o dólar caiu 0,88%, fechando a R$ 5,435, no menor patamar desde setembro de 2024. No mês, a moeda acumulou baixa de 4,99%; no trimestre, recuou 4,76%; e no ano, já despencou 12%.

Segundo analistas, o dólar tem perdido força devido a uma combinação de fatores, incluindo:

  • Expectativas de cortes nos juros pelo Federal Reserve,
  • Aumento da dívida pública dos EUA,
  • Mudanças de posicionamento de grandes investidores globais, e
  • Incertezas em torno da política econômica de Donald Trump, que lidera as eleições presidenciais.

Esses elementos têm levado o mercado a buscar moedas de países emergentes, como o real, que vêm se beneficiando da rotação global de portfólios e da queda na aversão ao risco.

O que movimenta o dólar hoje?

Em audiência no Congresso dos EUA, Powell afirmou que o banco central pode iniciar o corte de juros caso a inflação não acelere fortemente durante o verão norte-americano.

A fala foi interpretada pelo mercado como um sinal concreto de que um corte de 0,25 ponto percentual pode ocorrer já em setembro.

A expectativa por juros mais baixos nos EUA reduz o diferencial de taxas com países emergentes, o que tira força do dólar globalmente e atrai capital estrangeiro para mercados como o Brasil.

Além disso, os investidores continuam atentos ao Payroll – relatório oficial de emprego dos EUA – que será divulgado na quinta-feira (3).

Caso os dados mostrem desaceleração do mercado de trabalho, o cenário de cortes de juros se fortalece, justificando a continuidade do enfraquecimento da moeda americana.

Outro fator que adiciona incerteza ao cenário cambial é a agenda comercial dos EUA. A partir do dia 9 de julho, pode haver novidades sobre tarifas impostas ou flexibilizadas, o que pode gerar volatilidade adicional no câmbio. Por ora, há sinalizações de que acordos estão sendo costurados, o que sustenta o otimismo no mercado.

Brasil

No Brasil, os dados do Caged, divulgados na semana passada, mostraram a criação de 148.992 empregos formais em maio, número bem abaixo das expectativas.

O dado acende alerta sobre a força do mercado de trabalho e pode influenciar o Comitê de Política Monetária (Copom) a reconsiderar o atual nível da Selic em 15%, especialmente se a atividade econômica continuar perdendo ritmo.

Agenda

No radar desta terça-feira (1°), o calendário econômico segue carregado: na Europa, os investidores monitoram os dados do PMI industrial e do IPC de junho, além de discursos de dirigentes do Banco Central Europeu (BCE), incluindo Christine Lagarde às 10h30.

No Brasil, o destaque é o PMI industrial de junho, enquanto, nos EUA, além da continuidade do discurso de Powell, saem o PMI industrial e os dados de ofertas de emprego (JOLTS).

José Chacon
José Chacon

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.