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Dólar hoje abre em alta com ameaça de Trump sobre Brics

Moeda americana oscila entre tensões geopolíticas, decisões tarifárias e o impasse sobre o futuro dos juros nos EUA

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Nesta segunda-feira (7), o dólar abriu em alta, refletindo as tensões relacionadas as decisões do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre novas tarifas para países que exportam para os Estados Unidos. Por volta das 09:11, a moeda registrava alta de 0,33%, cotada a R$ 5,441.

A decisão de Trump sobre as tarifas segue um prazo final até quarta-feira, 9 de julho — o mesmo dia em que o Federal Reserve (Fed) divulga a ata da sua última reunião de política monetária.

As sinalizações do republicano têm deixado os mercados em alerta. Em uma publicação recente na rede social Truth Social, o presidente americano ameaçou aplicar uma tarifa extra de 10% a qualquer país que se alinhe ao Brics, grupo que reúne 11 nações, incluindo Brasil, China, Índia e Rússia.

Essa medida seria uma retaliação a políticas consideradas “antiamericanas”. A declaração ocorre em meio à cúpula do Brics no Rio de Janeiro, e já acendeu preocupações sobre o impacto no comércio global.

O grupo, por sua vez, rebateu com uma nota crítica às políticas protecionistas. Em declaração oficial, os líderes do Brics reiteraram o apoio ao comércio internacional baseado em regras, condenando as barreiras unilaterais.

O embate retórico adiciona um tom geopolítico ao humor dos investidores, que já estão de olho nas possíveis consequências dessas tarifas sobre a inflação e o emprego nos EUA.

Juros do Fed

Essa tensão influencia diretamente o futuro da taxa de juros americana. O presidente do Fed, Jerome Powell, tem deixado claro que não haverá corte de juros enquanto os impactos das novas tarifas não forem totalmente avaliados.

Por ora, o cenário para a decisão de julho segue indefinido, com o comitê dividido quanto ao momento ideal para iniciar o ciclo de cortes.

Esse impasse é outro fator de instabilidade para o dólar, que depende do diferencial de juros entre os países para atrair (ou perder) capital estrangeiro.

Cenário no Brasil

No Brasil, por outro lado, o real tem encontrado suporte na taxa Selic elevada, atualmente em 15% ao ano.

Esse diferencial de juros atrai investidores internacionais, especialmente em busca de oportunidades em renda fixa e na Bolsa de Valores, o que ajuda a valorizar a moeda brasileira.

Essa entrada de capital tem sido um dos principais fatores que seguram o dólar em patamares mais baixos por aqui, mesmo com o cenário externo volátil.

No entanto, os riscos fiscais internos continuam no radar. A grande dúvida é como o governo brasileiro pretende equilibrar as contas até 2026, sem comprometer metas fiscais ou aumentar o endividamento.

A antecipação da disputa eleitoral também contribui para o clima de incerteza, o que pode limitar o fôlego da moeda brasileira caso o risco político aumente.

No curto prazo, o real ainda pode se beneficiar da fragilidade do dólar global, impulsionada por dúvidas sobre a robustez da economia americana. Mas o cenário é volátil: qualquer aceno protecionista mais duro de Trump, mudança de expectativa sobre os juros dos EUA ou deterioração fiscal no Brasil pode virar o jogo rapidamente.

José Chacon
José Chacon

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.