
O dólar opera em leve alta nesta quarta-feira (16), subindo 0,15%, cotado a R$ 5,565, às 09:15, em meio ao aumento das tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos, à espera de dados econômicos relevantes nos EUA e ao impasse no Brasil sobre o futuro do decreto que eleva o IOF.
A principal pressão sobre o câmbio vem do anúncio, feito na noite de terça-feira (15), de que o governo dos Estados Unidos abriu uma investigação comercial contra o Brasil com base na Seção 301 da Lei de Comércio de 1974.
O processo, solicitado pelo presidente Donald Trump, pode resultar na imposição de tarifas adicionais ou outras sanções econômicas ao Brasil, sob alegações — sem provas — de práticas comerciais alegadas como desleais, incluindo favorecimento do Pix e barreiras a empresas americanas.
O documento do Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR) mistura críticas ao comércio digital, políticas ambientais e o suposto tratamento desfavorável a companhias americanas, como as de meios de pagamento e redes sociais. Em paralelo, Trump também já anunciou uma tarifa de 50% sobre exportações brasileiras.
Resposta brasileira e cenário político
Diante do aumento da pressão, o vice-presidente Geraldo Alckmin se reúne novamente nesta quarta-feira (16) com representantes da indústria brasileira e com o presidente da Amcham (Câmara Americana de Comércio para o Brasil), Abrão Neto, para discutir saídas diplomáticas e comerciais.
Apesar da crise, uma pesquisa Quaest divulgada hoje mostra que o confronto com Trump parece ter tido efeito positivo para a imagem do governo Lula: a desaprovação oscilou de 57% para 53%, e a aprovação subiu para 43%. Para o diretor da Quaest, Felipe Nunes, o embate com os EUA pode ter impulsionado a percepção de defesa da soberania nacional.
STF, IOF e Orçamento
Outro foco de atenção no mercado é o impasse no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o aumento do IOF promovido por decreto presidencial.
A audiência de conciliação realizada ontem terminou sem acordo, e agora caberá ao ministro Alexandre de Moraes decidir sozinho se o decreto permanece válido.
A decisão é considerada crítica, já que o governo depende da arrecadação extra do IOF para cumprir a meta de déficit zero em 2025. Se o STF derrubar o decreto, o Executivo terá que buscar novas fontes de receita ou cortar gastos, o que gera incertezas fiscais e pode afetar o apetite dos investidores por ativos brasileiros.
Dados dos EUA no radar
No exterior, os investidores monitoram os dados de inflação nos Estados Unidos, após a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI) na terça-feira mostrar alta em junho.
Hoje, o destaque é o índice de preços ao produtor (PPI), que pode indicar se os custos adicionais das tarifas implementadas por Trump já estão sendo repassados para os consumidores.
Além disso, estão no radar do mercado os discursos de membros do Federal Reserve (Barkin, Barr e Williams), os dados de produção industrial americana, a divulgação do Livro Bege do Fed e, no Brasil, o número oficial de fluxo cambial estrangeiro às 14h30.