
Nesta sexta-feira (27), o dólar abriu em queda, em meio aos dados econômicos divulgados no Brasil e Estados Unidos, bem como a derrubada do IOF e o acordo entre EUA e China. Por volta das 09:10, a moeda registrava recuo de 0,27% a R$ 5,483.
Nos EUA, sai o índice Índice de Preços para Despesas com Consumo Pessoal (PCE) de maio, principal métrica inflacionária usada pelo Federal Reserve (Fed).
O que influencia o dólar?
No Brasil, o grande gatilho foi a decisão do Congresso de derrubar o decreto do governo que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), aliviando a pressão sobre o mercado e retirando um fator de encarecimento das operações cambiais.
A medida foi bem recebida pelos investidores, mas ao mesmo tempo acende um alerta: de onde o governo vai tirar essa receita agora?.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT-SP), sugeriu, na quinta-feira (26), que o governo poderá questionar a decisão do Congresso de derrubada no Supremo Tribunal Federal (STF).
Haddad também indicou outros dois caminhos estudados pelo governo para a compensação: buscar novas fontes de receita ou promover cortes orçamentários com impacto generalizado.
Outro dado que reforçou o movimento foi a desaceleração do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), o índice de preços ao consumidor que funciona como prévia da inflação oficial.
A leitura abaixo do esperado reforça a percepção de controle inflacionário e reduz a necessidade de ajustes monetários mais duros no curto prazo.
EUA
No cenário externo, o clima também foi de arrefecimento. Nos Estados Unidos, os rendimentos dos Treasuries (títulos do governo) recuaram, após a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre, que mostrou retração de 0,5%.
A contração alimenta o temor de que a economia norte-americana esteja entrando em recessão técnica.
Em meio a esse quadro, rumores políticos começam a pesar: o presidente Donald Trump estaria cogitando antecipar a substituição de Jerome Powell na presidência do Federal Reserve (Fed).
Segundo fontes de mercado, a ideia seria nomear alguém alinhado com sua pressão por cortes na taxa de juros — o que poderia inaugurar um novo ciclo de afrouxamento monetário nos EUA.
Com tantos elementos no radar, o dólar cedeu — mas a calmaria pode ser passageira.
Os agentes agora voltam suas atenções para o fechamento da Ptax de junho, que ocorre na próxima segunda-feira (30), e que serve como referência para contratos cambiais e derivativos.
Acordo com a China
E, como pano de fundo global, outro fator que ajudou a aliviar o clima nos mercados foi o anúncio de um acordo comercial entre Estados Unidos e China.
O entendimento, confirmado por autoridades de ambos os países, prevê o cancelamento de barreiras tarifárias em troca da retomada das exportações chinesas de terras raras para os EUA — minerais estratégicos para tecnologia e defesa.
Além disso, os EUA se comprometeram a flexibilizar a entrada de estudantes chineses em universidades americanas.
O pacto, costurado discretamente em reuniões em Londres, sinaliza uma possível trégua na guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo e reforça a expectativa de menor tensão geopolítica e mais fluidez nas cadeias globais de suprimento.