
O dólar começa a semana testando limites de queda frente ao real, impulsionado por um ambiente global cauteloso após a Moody’s rebaixar o selo de confiança da economia americana e pelo crescente apetite estrangeiro por ativos brasileiros.
Na última sexta-feira (16), a moeda fechou em queda de 0,19%, cotada a R$ 5,688.
Nesta segunda-feira (19), com a agenda internacional esvaziada de grandes indicadores, o mercado volta sua atenção para discursos do Federal Reserve (Fed), dados econômicos locais — como o IBC-Br — e possíveis decisões da China que podem afetar o sentimento de risco.
Veja a seguir o que influencia o dólar hoje:
EUA: Fed deve manter tom cauteloso, sem surpresas
Sem grandes dados nos Estados Unidos nesta semana, os investidores ficam atentos aos discursos de dirigentes do Fed — com pelo menos cinco autoridades falando ao longo do dia.
A expectativa é de manutenção do discurso de cautela e paciência, enquanto a autoridade monetária avalia os efeitos das tarifas comerciais e do cenário fiscal americano.
Na última sexta-feira (16), a agência Moody’s rebaixou a nota de crédito de longo prazo dos EUA de AAA para AA1. Apesar disso, o efeito da decisão é limitado sobre o dólar.
O secretário do Tesouro, Scott Bessent, minimizou o rebaixamento, dizendo que o cenário já estava “precificado”.
Brasil: dados e juros altos atraem capital estrangeiro
No cenário doméstico, a expectativa gira em torno da divulgação do IBC-Br de março, prevista para esta segunda-feira. Considerado uma prévia do PIB, o dado pode reforçar a percepção de resiliência da economia brasileira.
Caso venha acima das projeções, a leitura fortalece o real ao alimentar a confiança do investidor estrangeiro em um país com juros ainda elevados e crescimento estável.
Além disso, o Brasil continua se beneficiando do diferencial de juros, o que tem impulsionado a entrada de dólares no país.
A única nuvem no horizonte é a instabilidade fiscal: qualquer ruído político ou avanço de pautas que ampliem o gasto público pode rapidamente inverter o otimismo.
China no radar: juros e guerra comercial impactam o dólar
Outro ponto de atenção nesta semana é a decisão sobre a taxa de juros na China.
Caso o país opte por uma redução mais agressiva, o movimento pode beneficiar os mercados emergentes, incluindo o Brasil, ao sinalizar estímulo à segunda maior economia do mundo.
No entanto, a guerra comercial ainda impõe riscos ao cenário global. Tarifas seguem pesando nas relações comerciais dos EUA: 30% para a China, 25% para México e Canadá, além de 25% sobre aço, alumínio e automóveis.
Embora uma trégua esteja em vigor, a incerteza sobre os rumos da política comercial americana continua gerando tensão.