
Após um início de semana marcado por baixa liquidez devido ao feriado nos Estados Unidos (EUA), o mercado de câmbio retorna nesta terça-feira (27) com o dólar novamente no centro das atenções — e cercado de incertezas.
O principal indicador econômico do dia é o Índice de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação. O índice deve acelerar de 0,43% para 0,44% entre abril e maio. As estimativas variam de 0,35% a 0,53%.
Além disso, as recentes medidas fiscais do governo, especialmente a elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre investimentos no exterior, seguem com forte desconforto no mercado e abriram uma nova frente de tensão entre o Executivo e o Congresso.
Diante disso, o mercado de juros reagiu: as apostas de manutenção da Selic subiram para mais de 60%, com analistas estimando que o impacto do IOF equivale a um aperto de 0,25 a 0,50 ponto percentual na taxa básica.
A decisão final, porém, ainda dependerá dos dados econômicos desta semana.
IOF, Haddad e a conta que ninguém quer pagar
No Brasil, o foco está nas declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT-SP), que reconheceu a indefinição sobre como o governo compensará a perda de arrecadação com a redução do IOF sobre investimentos no exterior.
A medida, alinhada às exigências da OCDE, trouxe alívio para investidores internacionais, mas abriu um buraco no caixa da União — e ninguém sabe, ao certo, de onde sairá o dinheiro para tapá-lo.
A fala de Haddad, que sugeriu que ainda não há uma solução concreta para o problema, gerou mal-estar no mercado.
Essa possibilidade de aumento de impostos ou de novos cortes no Orçamento acendeu o alerta nos investidores.
Embora a resposta para “quem pagará essa conta” pareça óbvia — o contribuinte —, o mercado teme o impacto dessa incerteza sobre a confiança fiscal do país, o que tende a pressionar o câmbio.
EUA: tarifas adiadas e déficits crescentes
Do outro lado do Atlântico, os Estados Unidos também enfrentam seus próprios desafios. O presidente Donald Trump anunciou o adiamento das tarifas de 50% sobre produtos da União Europeia de junho para julho, o que dá um leve respiro ao comércio internacional, mas não resolve o problema.
O cenário mais provável, segundo analistas, é de queda na produção e aumento de preços, em função do impacto dessas tarifas, caso elas entrem em vigor no próximo mês.
Além disso, o imenso déficit orçamentário americano e os crescentes riscos fiscais ganham espaço nas preocupações dos investidores globais, podendo enfraquecer o dólar no médio prazo.
Mas indicadores no radar
A terça-feira também é movimentada no exterior, a zona do euro divulga dados de inflação e confiança dos setores de serviços e indústria, enquanto os EUA trarão o índice de confiança do consumidor e um discurso de Neel Kashkari, membro do FOMC — ambos antes da abertura dos mercados.