
O dólar abriu esta quinta-feira (26) refletindo uma mistura de incertezas domésticas e cautela global, com o mercado digerindo tensões fiscais no Brasil, dados econômicos importantes nos EUA e o acompanhamento da trégua entre Irã e Israel no cenário internacional. Por volta das 09:20, a moeda operava com leve recuo de 0,3%, cotada a R$ 5,551.
No plano interno, o foco absoluto é o fiscal. A aprovação na Câmara e no Senado do Projeto de Decreto Legislativo (PDL) que derruba o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) — uma das estratégias do governo para ampliar a arrecadação — acendeu um alerta vermelho entre os investidores.
A medida fragiliza ainda mais a capacidade do Executivo de cumprir a meta de déficit zero em 2025, já bastante contestada desde o início do ano.
Com menos receita e sem perspectiva de corte de gastos, cresce a dúvida: de onde o governo vai tirar dinheiro agora?
Esse impasse está diretamente no radar de quem negocia dólar, já que desequilíbrios fiscais tendem a enfraquecer a moeda brasileira frente ao dólar, elevando a percepção de risco.
Trégua no Oriente Médio e Fed em compasso de espera
No cenário internacional, os mercados acompanham de perto se o cessar-fogo entre Irã e Israel vai de fato se sustentar.
A estabilidade na região tem impacto direto no preço do petróleo, que por sua vez influencia o comportamento de moedas emergentes como o real.
Nos Estados Unidos, o depoimento do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, na quarta-feira (25), reforçou a mensagem de que o banco central não tem pressa em cortar os juros.
Powell destacou que será necessário aguardar os impactos das tarifas comerciais sobre a inflação antes de tomar qualquer decisão.
Essa sinalização mantém o dólar forte globalmente, pois juros altos nos EUA atraem capital para títulos americanos, pressionando as moedas de países emergentes.
Agenda carregada: IPCA-15 e PIB dos EUA
Nesta manhã, investidores também reagem aos números do IPCA-15 de junho, que subiu 0,26% — em linha com as expectativas —, e aguardam os dados da Receita Federal, que podem mostrar se o governo teve algum fôlego extra na arrecadação. Qualquer surpresa positiva pode aliviar o estresse do câmbio.
Nos Estados Unidos, saem nesta manhã o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre, os pedidos de seguro-desemprego e o núcleo do PCE (índice preferido de inflação do Fed).