Câmbio

Dólar em queda hoje: mistério fiscal no Brasil movimenta o câmbio

Na última terça-feira (3), o dólar encerrou o pregão em queda de 0,70%, cotado a R$ 5,635

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Nesta quarta-feira (4), o dólar segue influenciado pelos dados do mercado de trabalho nos Estados Unidos (EUA), expectativas por novas medidas fiscais no Brasil e pela elevação nas tarifas de Donald Trump. Ao iniciar o pregão, a moeda norte-americana registrava queda de 0,07%, cotada a R$ 5,630, por volta das 9:01.

Esse movimento segue os efeitos do otimismo registrado no pregão anterior, que levou à valorização do real frente ao dólar.

Na última terça-feira (3), o dólar encerrou o pregão em queda de 0,70%, cotado a R$ 5,635.

O principal gatilho do ânimo recente foi a crença de que o Planalto poderá anunciar em breve novas medidas fiscais que compensem o aumento do IOF — medida impopular que foi recebida como um “remendo” para fechar a meta fiscal de 2025.

O mercado especula que o governo possa recuar ou flexibilizar o ajuste. Mas, segundo o que circula na mídia, nenhuma medida será apresentada enquanto o Congresso não sinalizar apoio às propostas estruturais em tramitação.

No entanto, analistas alertam que a reação positiva pode ter sido precipitada, baseada em expectativas frágeis e não sustentadas por anúncios concretos do governo federal.

Medidas em estudo geram ruído e preocupam setores

Entre as propostas ventiladas nos bastidores, está um pacote apresentado pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG), que prevê um potencial de arrecadação de R$ 20,5 bilhões em 2025 e R$ 15 bilhões em 2026. As sugestões incluem:

  • Um leilão de áreas da União já em produção no pré-sal;
  • A revisão dos preços de referência do petróleo, com previsão de conclusão até julho.

Embora possam ajudar a reforçar o caixa, as medidas acendem alerta no setor de energia. Especialistas temem impactos diretos na Petrobras (PETR4) e alegam que as propostas aumentam o risco de insegurança jurídica para o setor, podendo afugentar investidores e gerar efeitos negativos em bolsa e câmbio.

Geopolítica e petróleo fortalecem o real

Outro fator que impulsionou o real foi a alta do petróleo no cenário internacional, reflexo de novas tensões entre Rússia e Ucrânia e atritos entre EUA e Irã.

Como o Brasil é um exportador relevante da commodity, a valorização dos preços tende a favorecer a balança comercial e, por consequência, a moeda brasileira.

EUA: Fed sinaliza cautela e Trump eleva tarifas

Nos Estados Unidos, as falas da diretora do Federal Reserve (Fed), Lisa Cook, trouxeram novos elementos ao debate monetário.

Ela afirmou que a escalada tarifária promovida por Donald Trump representa uma fonte adicional de incerteza para a inflação e o emprego, e projetou uma desaceleração da atividade econômica neste ano em comparação a 2024.

O impacto se intensificou após Trump assinar uma ordem executiva que dobra as tarifas sobre aço e alumínio, reforçando uma guinada protecionista que pode ter repercussões globais e provocar uma nova rodada de aversão ao risco — o que historicamente favorece o dólar.

Dólar hoje: dia recheado de indicadores econômicos

Nesta quarta-feira (4), os investidores também acompanham uma série de indicadores relevantes que podem influenciar o câmbio:

  • No Brasil:
    • PMIs de serviços e composto às 10h;
    • Fluxo cambial estrangeiro às 14h30;
  • Nos EUA:
    • Variação de empregos privados (ADP) às 9h15;
    • Discursos de membros do Fed, incluindo Raphael Bostic e Lisa Cook às 9h30;
    • Livro Bege, que traz um panorama da economia americana, será publicado às 15h.
José Chacon
José Chacon

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.