Câmbio

DÓLAR HOJE: falas de Powell e cessar-fogo entre Israel e Irã influenciam câmbio

Expectativas desancoradas no Brasil, divisão no Fomc e trégua frágil no Oriente Médio formam pano de fundo da volatilidade cambial

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O dólar opera, nesta quarta-feira (25), sob influência do cessar-fogo entre Israel e Irã, depoimentos de Jerome Powell e a percepção de juros altos por mais tempo no Brasil. Por volta das 09:05, a moeda abria o pregão com alta de 0,11%, cotada a R$ 5,52.

Juros mais altos no Brasil

No cenário doméstico, a ata do Comitê de Política Monetária (COPOM) jogou luz sobre o fim do ciclo de alta dos juros — mas também alertou que a Selic em 15% pode continuar por um bom tempo, diante das expectativas de inflação ainda desancoradas.

A discussão agora se desloca para saber se os atuais 15% ao ano serão suficientes para reconduzir a inflação à meta de 3%.

Ao mesmo tempo, o Banco Central (BC) já realizou dois leilões de swap — um reverso e um tradicional à vista — cujos efeitos já estão amplamente precificados pelos agentes financeiros, limitando reações mais bruscas no câmbio no curto prazo.

Sobretudo, esse patamar do juros tende a favorecer o real, tendo em vista o diferencial com as taxas do EUA (4,25% a 4,50% ao ano). Isso atraí investidores pelo retorno em investimentos atrelados a Selic.

Lá fora: Fed dividido e petróleo em queda

Nos Estados Unidos, a política monetária continua no centro das atenções. O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, discursa ainda hoje (às 11h), e os mercados estarão atentos a sinais sobre o momento ideal para o início dos cortes de juros por lá.

No entanto, os membros do Fomc ainda estão divididos, especialmente diante das incertezas sobre o impacto das tarifas comerciais na inflação americana.

Na última terça-feira (24), o presidente da autarquia disse que ainda é muito cedo para o Fed considerar a redução das taxas de juros.

“As mudanças nas políticas continuam a evoluir, e seus efeitos sobre a economia permanecem incertos”, disse Powell em seu depoimento preparado para seu relatório semestral de política monetária ao Congresso.

Powell afirmou que as tarifas de Donald Trump devem ter algum impacto sobre a economia, cuja extensão ainda não foi definida.

“Os efeitos sobre a inflação podem ser de curta duração, refletindo uma mudança pontual no nível de preços. Também é possível que os efeitos inflacionários sejam mais persistentes”, destacou Powell.

Petróleo impacta câmbio

Enquanto isso, o cessar-fogo no Oriente Médio, ainda que frágil, ajudou a derrubar os preços do petróleo em cerca de 6%, reduzindo as pressões inflacionárias globais e aliviando um pouco o estresse nos mercados emergentes — o que pode trazer algum alívio para o real, caso a tendência se mantenha.

José Chacon
José Chacon

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.