
O dólar opera nesta quinta-feira (5) navegando por mares turbulentos, em meio a um cenário carregado de incertezas tanto no Brasil quanto no exterior. No epicentro da oscilação da moeda americana estão as preocupações com a governabilidade do presidente Lula, os temores fiscais domésticos e os sinais de desaceleração da economia dos Estados Unidos.
Por volta das 09:05, a moeda norte-americana abria o pregão em queda de 0,25%, cotada a R$ 5,629. Confira a contação em tempo real AQUI.
O que influencia o dólar hoje?
No Brasil, uma pesquisa que mostrou recuo na aprovação do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mexeu com o humor dos investidores. O receio é de que, em tentativa de recuperar apoio popular, o presidente lance mão de medidas populistas com impacto direto nas contas públicas, como estímulos sociais ou renúncias fiscais.
Essa expectativa vem em um momento crítico. O governo já está sob pressão para encontrar alternativas de compensação para a redução do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), uma medida que o Ministério da Fazenda quer levar adiante, mas que exige contrapartidas fiscais robustas.
IOF e a crise de confiança
Em entrevista recente, o ministro Fernando Haddad (PT-SP) afirmou que será necessário avançar “pelo menos em parte” com as medidas fiscais para viabilizar a revisão do IOF.
No entanto, a indefinição e o ritmo lento de avanço na pauta fiscal ampliam a cautela dos investidores.
O resultado é um movimento de fuga para ativos mais seguros, elevando a pressão sobre o câmbio.
Nos EUA, dados fracos ajudam o real
Do outro lado do hemisfério, o relatório ADP dos EUA trouxe uma surpresa negativa: o setor privado criou apenas 37 mil vagas em maio, muito abaixo das 110 mil esperadas.
O dado reforça o cenário de desaceleração do mercado de trabalho americano e fortalece a tese de que o Federal Reserve (Fed) pode manter os juros estáveis ou até iniciar cortes ainda em 2025.
Isso exerce uma pressão de baixa sobre o dólar no cenário global, uma vez que juros mais baixos nos EUA tendem a enfraquecer a moeda americana frente a outros ativos de risco – como as moedas emergentes.
Europa no holofote
O dia ainda reserva importantes decisões na Europa. O mercado está praticamente certo de que o Banco Central Europeu (BCE) anunciará hoje um corte de 0,25 ponto percentual em suas taxas de juros, o primeiro em anos.
A expectativa é de que isso traga volatilidade adicional ao mercado de câmbio, especialmente com o pronunciamento da presidente Christine Lagarde.
Enquanto isso, o euro pode perder força, o que poderia dar novo fôlego ao dólar globalmente – e, por consequência, manter o real pressionado mesmo diante da desaceleração dos EUA.
Agenda do dia
A quinta-feira (5) segue movimentada. No Brasil, o mercado aguarda o resultado da balança comercial de maio, que será divulgado às 15h.
Nos EUA, saem pedidos por seguro-desemprego e dados da balança comercial de abril às 9h30, além do discurso de Patrick Harker, membro do FOMC, às 14h30.
Já na Europa, o foco está na coletiva do BCE às 9h45 e no discurso de Lagarde às 11h15.