
O dólar opera esta quarta-feira (2) em alta de 0,12%, cotado a R$ 5,46, por volta das 09:30. Esse movimento reflete o mercado atento ao desenrolar das negociações comerciais dos Estados Unidos, à expectativa por indicadores econômicos relevantes e as incertezas fiscais e o ruído político no Brasil.
No cenário internacional, o grande destaque da semana é o aguardado Payroll, relatório oficial de empregos dos Estados Unidos, que será divulgado nesta quinta-feira (3), antecipado por conta do feriado da independência norte-americana.
Os investidores esperam que o número venha abaixo do esperado, o que aumentaria a probabilidade de um corte na taxa de juros pelo Federal Reserve (Fed) ainda este ano. Isso anima o mercado do dólar.
Um mercado de trabalho mais fraco reforça a tese de desaceleração econômica, o que poderia levar o Fed a aliviar a política monetária.
No entanto, o otimismo com um possível afrouxamento dos juros sofreu um baque ontem, após a divulgação dos dados da JOLTS, que mostraram um número de vagas em aberto acima das previsões — sinal de que o mercado de trabalho segue aquecido. Isso pode levar o Fed a adiar decisões mais agressivas.
No front comercial, o dólar segue influenciado pelas atenções sobre as tratativas comerciais dos EUA com parceiros globais, antes do prazo final de 9 de julho.
Apesar da tensão, o presidente Donald Trump afirmou ontem que não vê necessidade de estender a trégua nas tarifas, indicando que acordos estão sendo costurados nos bastidores.
O Senado norte-americano também aprovou o projeto de orçamento de Trump, que agora segue para a Câmara dos Representantes.
Ruídos locais seguem no radar
No Brasil, o ambiente doméstico continua contribuindo para a pressão sobre o câmbio. O mercado digere o impasse fiscal, o elevado número de ministérios, os ataques do presidente Lula ao Banco Central e as dúvidas sobre o compromisso do governo com a responsabilidade fiscal.
Apesar disso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, segue sendo a principal âncora de credibilidade no mercado, com sua pauta de “tributação justa” ganhando apoio parcial entre investidores.
A disputa entre o governo e o Congresso sobre a revogação do IOF também segue no radar. A medida pode ter impactos relevantes sobre o fluxo de capital estrangeiro e o custo de crédito, o que traz mais volatilidade para o câmbio.
Agenda do dia
O fluxo cambial estrangeiro (14h30) trará pistas sobre o comportamento recente dos investidores estrangeiros.
Nos EUA, a folha de pagamento do setor privado dos EUA caiu em 33.000 em junho, resultado pior que as expectativas de crescimento de 29.000, segundo o relatório ADP divulgado nesta manhã.
Esse cenário reflete uma hesitação entre empregadores para contratar e relutância entre trabalhadores para mudar de emprego em um período de incerteza econômica alimentada por tarifas.
Na Europa, o foco está nos discursos de membros do BCE, incluindo Christine Lagarde, presidente da instituição.