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Dólar no fio da navalha: guerra EUA-Israel-Irã empurra moeda para semana de nervosismo

Investidores operam em clima de cautela máxima e monitoram os riscos da tensão geopolítica agravada

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Dólar
Reprodução

A cotação do dólar inicia esta semana em oscilação, com o mercado digerindo o envolvimento direto dos Estados Unidos nos ataques a instalações nucleares do Irã. Por volta das 09:30 desta segunda-feira (23), a moeda norte-americana subia 0,22% a R$ 5,535.

Os investidores operam em clima de cautela máxima e monitoram os riscos da tensão geopolítica agravada.

Além disso, o diferencial de juros entre o Brasil e os EUA, o risco fiscal doméstico e indicadores durante a semana também impactam o dólar. Confira a seguir:

Guerra acende alerta global e fortalece o dólar

O gatilho mais imediato para o nervosismo nos mercados cambiais veio do Oriente Médio.

Neste fim de semana, os EUA se juntaram a Israel em uma ofensiva militar contra instalações nucleares do Irã, o que reacendeu o temor de uma escalada regional, com impacto direto no fluxo global de petróleo.

Em momentos de tensão geopolítica, os investidores correm para ativos considerados seguros, e o dólar é o refúgio favorito. Isso tende a pressionar a moeda americana para cima, mesmo frente a economias com juros elevados — como o Brasil.

Além disso, o petróleo em alta (Brent chegou a US$ 77,69 nesta segunda) levanta temores sobre a inflação global, o que pode prolongar os juros altos em países desenvolvidos, favorecendo ainda mais o dólar.

Selic em 15% é trunfo do real, mas tem limite

Do lado doméstico, o Brasil carrega um diferencial importante: juros altos atraem capital estrangeiro.

Com a taxa Selic em 15% ao ano, o país se destaca no chamado carry trade, estratégia em que investidores captam dinheiro em países com juros baixos e aplicam onde a remuneração é maior.

Esse fator ajuda a segurar o dólar mesmo em tempos turbulentos, mas há um limite: juros altos sozinhos não blindam o real se o risco político e fiscal aumentar demais.

Fed, Powell e inflação no radar

A política monetária dos EUA continua sendo um vetor crucial. O Federal Reserve manteve os juros estáveis, mas ainda não deu sinal claro sobre quando começará a cortá-los.

O discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, nesta terça-feira (24), será essencial para calibrar as apostas do mercado.

Além disso, o PCE (índice preferido do Fed para medir inflação), que sai na sexta-feira (27), pode mexer com as expectativas de juros americanos e, por consequência, com o dólar no mundo todo.

No Brasil, fiscal continua como nuvem carregada

Mesmo com os juros altos, o risco fiscal continua pesando. O mercado segue cético em relação à capacidade do governo de controlar gastos e entregar resultados consistentes na área econômica.

A falta de avanço em cortes ou medidas de ajuste fiscal coloca um teto para a valorização do real, e pode até inverter a maré se o cenário político se deteriorar.

O que acompanhar nesta semana

  • Hoje (23): PMIs nos EUA e Europa, discurso de Lagarde (BCE)
  • Terça (24): Powell fala ao Congresso
  • Quarta (25): Ata do Copom no Brasil
  • Sexta (27): PCE dos EUA, indicador chave para o Fed
José Chacon
José Chacon

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.