
- Dólar recua e volta a operar abaixo de R$ 5,61, impulsionado por trégua comercial entre EUA, China e Reino Unido
- Banco Central atua com swap cambial tradicional para rolagem de vencimentos, ajudando a estabilizar o câmbio
- Inflação fraca nos EUA eleva expectativas de corte de juros, o que enfraquece o dólar globalmente e fortalece moedas emergentes como o real
O dólar iniciou esta quarta-feira (14) em leve baixa frente ao real, refletindo o alívio no cenário internacional após avanços nas negociações comerciais dos Estados Unidos com China e Reino Unido.
A trégua comercial entre as maiores potências do mundo reacendeu o apetite global por ativos de risco e impulsionou moedas de países emergentes, como o real brasileiro.
Às 10h06, o dólar à vista recuava 0,09%, cotado a R$ 5,603 para venda. O dólar futuro com vencimento mais próximo, negociado na B3, também operava em leve baixa, de 0,02%, a 5.638 pontos.
O movimento segue o ritmo da véspera, quando a moeda americana fechou em queda expressiva de 1,33%, a R$ 5,6075, após a divulgação de dados mais brandos de inflação nos Estados Unidos e sinais de possível flexibilização monetária por parte do Federal Reserve.
Apesar da queda moderada nesta manhã, o recuo da moeda norte-americana ocorre em um contexto relevante: o alívio nas tensões comerciais, somado à expectativa de juros menores nos EUA, começa a redesenhar o humor do mercado cambial.
Dólar turismo também recua, mas permanece elevado
No mercado de turismo, os valores da moeda ainda continuam altos, embora também tenham sofrido leve correção. O dólar turismo é negociado a R$ 5,645 na compra e R$ 5,825 na venda. Essa diferença reflete custos operacionais e margens cobradas pelas casas de câmbio. Mas, tende a se ajustar gradualmente à medida que o dólar comercial se estabiliza.
Banco Central atua com swap cambial
Para ajudar na rolagem de vencimentos futuros, o Banco Central realiza nesta sessão um leilão de até 25 mil contratos de swap cambial tradicional. Essa operação busca suavizar oscilações excessivas no câmbio e manter a liquidez do mercado. O vencimento dos papéis leiloados está previsto para 2 de junho de 2025.
A atuação do BC ocorre em um ambiente já menos pressionado, o que deve dar mais flexibilidade à autoridade monetária para dosar suas intervenções com cautela.
Otimismo com economia global sustenta o real
O otimismo nas mesas de operação tem base sólida: a diminuição da retórica agressiva por parte do governo norte-americano nas disputas comerciais. Desde o início de abril, quando o ex-presidente Donald Trump reintroduziu tarifas de importação e depois sinalizou disposição para negociar, o mercado, contudo, passou a monitorar de perto o desdobramento dessa agenda.
Com a sinalização de um entendimento mais amplo com China e Reino Unido, os investidores enxergam um ambiente mais favorável ao crescimento global. Dessa forma, reduzindo temores de recessão.
Analistas da Fitch Ratings destacaram que, caso essa trégua se consolide, haverá “potencial de revisão para cima das projeções de crescimento global”.
Somado a isso, os dados de inflação abaixo do esperado nos Estados Unidos, divulgados ontem, reforçaram a possibilidade de o Federal Reserve ter mais espaço para cortar juros ainda este ano. Isso tende a enfraquecer o dólar globalmente. Dessa forma, favorecendo o real e outras moedas emergentes.
Para os próximos dias, os investidores devem seguir atentos ao noticiário internacional. Em especial, às falas de dirigentes do Fed e novos desdobramentos nos acordos comerciais liderados por Washington. Enquanto isso, a expectativa é que o dólar continue pressionado e possa, caso o clima positivo persista, romper com consistência o patamar de R$ 5,60.