
- Dólar inicia dia em leve queda com mercado atento ao discurso de Powell e dados de varejo nos EUA
- Incertezas comerciais globais e nova postura de Trump pressionam o dólar e geram cautela entre investidores
- Atuação do Banco Central com leilões de swap ajuda a conter volatilidade no mercado de câmbio
O dólar abriu o pregão desta quinta-feira (15) com leve desvalorização frente ao real, refletindo a cautela dos investidores antes da fala do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell. Além da divulgação de novos dados econômicos dos Estados Unidos.
A expectativa gira em torno das vendas no varejo americano, que podem oferecer sinais importantes sobre a resiliência da economia diante das turbulências comerciais globais.
Às 9h06, o dólar à vista recuava 0,06%, cotado a R$ 5,629 na venda. O contrato futuro para primeiro vencimento, negociado na B3, caía 0,19%, a 5.652 pontos. A queda é modesta, mas indica um momento de espera e avaliação dos próximos passos da economia americana. Especialmente, após o câmbio ter fechado a última sessão em alta de 0,46%, a R$ 5,6331.
O Banco Central brasileiro também atua no câmbio nesta quinta-feira, com um leilão de até 25 mil contratos de swap cambial tradicional para rolagem do vencimento previsto para 2 de junho de 2025. Dessa forma, uma medida que contribui para aliviar a pressão sobre a moeda e suavizar a volatilidade.
Tensões comerciais e incertezas no radar
A leve perda de força do dólar frente ao real ocorre num contexto internacional instável. O mercado ainda digere as implicações da trégua tarifária entre Estados Unidos e China, que arrefeceu momentaneamente a tensão. Mas, não eliminou os riscos de uma nova escalada nas disputas comerciais entre as duas potências.
As recentes ameaças do ex-presidente Donald Trump, que voltou ao cenário com discursos mais agressivos sobre tarifas, minaram parte da confiança dos investidores em relação à estabilidade cambial.
A aversão ao risco cresceu, principalmente entre gestores estrangeiros. Assim, provocando reprecificação de ativos americanos e fortalecimento de moedas de países emergentes, como o real.
Apesar disso, a bolsa americana recuperou parte das perdas registradas em abril. No entanto, o dólar continua pressionado e depende, agora, de sinais concretos sobre o ritmo de consumo nos Estados Unidos e das novas diretrizes que podem vir do Federal Reserve.
Powell e dados do varejo
As atenções do mercado se voltam, nesta quinta, para dois gatilhos importantes: a fala do chair do Fed, Jerome Powell, e os dados das vendas no varejo nos EUA. Ambos podem trazer pistas valiosas sobre o futuro da taxa básica de juros americana, que é a principal âncora do dólar no mundo.
Caso Powell sinalize que o banco central norte-americano pode adotar uma postura mais dovish — ou seja, com maior inclinação para cortar os juros — o dólar pode perder ainda mais força nos próximos dias.
Por outro lado, se o discurso mantiver o tom duro (hawkish), reafirmando a necessidade de manter os juros elevados por mais tempo, a moeda pode retomar a trajetória de valorização.
Os números do varejo são especialmente relevantes em um momento de incerteza sobre o comportamento do consumidor americano, em meio à inflação persistente e ao impacto das tarifas comerciais.
Uma desaceleração nas vendas pode reforçar o argumento por juros mais baixos, enquanto dados fortes podem indicar uma economia ainda resistente, o que justificaria uma política monetária mais rígida por parte do Fed.
Cotações atualizadas
- Dólar comercial:
Compra: R$ 5,628 | Venda: R$ 5,629 - Dólar turismo:
Compra: R$ 5,645 | Venda: R$ 5,825