O dólar à vista (USDBRL) alcançou novos recordes nesta segunda-feira (16), fechando o pregão a R$ 6,11, alta de 1,03%, o maior valor nominal de fechamento da história. O resultado foi impactado pela crescente incerteza no cenário fiscal brasileiro, com expectativas de que o pacote fiscal proposto pelo governo não será aprovado no Congresso Nacional antes do final do ano. A alta da moeda norte-americana foi parcialmente amenizada por uma nova intervenção do Banco Central, que iniciou o leilão de US$ 3 bilhões em compromisso de recompra.
O desempenho da moeda brasileira destoou da tendência global, já que o índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a outras divisas, recuou 0,14%, encerrando o dia em 106,863 pontos.
Pressões Internas e intervenção do BC
A pressão sobre o real reflete a continuidade das incertezas sobre o cenário fiscal e as projeções de deterioração das expectativas econômicas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou, em entrevista ao programa “Fantástico”, da Globo, que ninguém tem mais responsabilidade fiscal do que ele, mas criticou a taxa de juros elevada. “A única coisa errada nesse país é a taxa de juros estar acima de 12%”, disse Lula, gerando mais volatilidade no mercado cambial.
Em busca de estabilidade, o Banco Central iniciou a terceira intervenção consecutiva no câmbio, com a venda de US$ 3 bilhões a uma taxa de corte de 6,01%, para garantir a liquidez e minimizar o impacto da valorização do dólar. A medida foi adotada com a expectativa de suavizar a pressão sobre o real enquanto o governo tenta aprovar as reformas fiscais.
Expectativas de Inflação e Projeções do Dólar
O cenário de instabilidade doméstica também tem afetado as projeções de inflação. Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em 11 de dezembro, a taxa Selic foi elevada em 1 ponto percentual, para 12,25% ao ano. Além disso, os analistas consultados no Boletim Focus revisaram suas previsões para a cotação do dólar. A mediana das estimativas para o final deste ano aponta uma cotação de R$ 5,99, ligeiramente superior à previsão anterior de R$ 5,95. Para 2025, a expectativa é de que o dólar chegue a R$ 5,85.
No âmbito internacional, os agentes financeiros mantêm atenção na reunião do Federal Reserve (Fed) que ocorre esta semana. As expectativas são de que o Fed implemente um corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros, reduzindo a faixa para 4,25% a 4,50% ao ano. A decisão do banco central norte-americano será monitorada de perto, visto que um ajuste nas taxas pode influenciar diretamente a cotação do dólar frente ao real.