- O dólar fechou a R$ 5,97, com uma queda de 1,27%, retornando ao patamar de R$ 5 pela primeira vez desde 28 de novembro
- O anúncio de que o presidente Lula passará por uma nova intervenção médica gerou uma reação imediata do mercado, intensificando a queda do dólar
- A especulação sobre o pacote de corte de gastos e a expectativa de aumento da taxa de juros contribuíram para a valorização do real
- A Bolsa brasileira (Ibovespa) subiu 1,06%, impulsionada pelo fortalecimento do real e pelas expectativas positivas em relação às políticas fiscais e monetárias
O dólar teve uma queda expressiva nesta quarta-feira (11), recuando para o patamar de R$ 5,97, após registrar uma depreciação de 1,27%.
A moeda norte-americana atingiu este nível pela primeira vez desde 28 de novembro. A queda foi atribuída a uma combinação de fatores. Contando com destaque para o anúncio sobre a saúde do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a expectativa em torno de políticas fiscais. Ainda, sobre a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.
Fatores externos e internos movimentam o mercado financeiro
No início do pregão, o dólar já apresentava retração, sendo cotado a R$ 6,014, enquanto o mercado aguardava a reunião do Copom. Contudo, que decidiu elevar a taxa de juros.
Ainda, foi uma notícia sobre o estado de saúde de Lula que acabou intensificando a queda da moeda. O presidente passará por uma intervenção médica nesta quinta-feira (12) para interromper o fluxo de sangue em uma área do cérebro e evitar novos sangramentos. A informação foi antecipada pela colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo. E, dessa forma, gerou uma reação imediata no mercado.
Quando divulgaram a notícia às 16h27, o dólar aprofundou a queda e atingiu a mínima de R$ 5,950 às 16h35.
Em uma movimentação que analistas atribuíram a uma especulação sobre a possibilidade de aprovação do pacote de corte de gastos com Lula afastado.
“O mercado começa a especular que o pacote de corte de gastos pode ser aprovado com o Lula afastado. Se o Alckmin fica no lugar dele, fica mais fácil de liberar esse pacote”, afirmou Vanei Nagem, sócio-diretor da Pronto Invest.
A reação do mercado e o impacto nas expectativas de juros
Especialistas afirmam que esse movimento foi uma reação automática do mercado. Além de um reflexo das operações com o dólar em um patamar elevado. No entanto, não há uma estratégia clara por trás do movimento, o que significa que a moeda pode voltar a subir na quinta-feira.
De qualquer forma, o real teve o melhor desempenho em relação às principais moedas globais durante o dia. Assim, favorecido pela combinação do cenário fiscal e a expectativa de novos aumentos na Selic.
O analista Thiago Avallone, da Manchester Investimentos, ressaltou que a valorização do real também é uma consequência de uma mudança de linha de raciocínio no país. A responsabilidade fiscal passa a ser mais controlada, o que os investidores estrangeiros veem de forma positiva.
“A responsabilidade fiscal fica mais de um lado do que do outro. Isso é visto com bons olhos pelos investidores estrangeiros”, comentou.
Além disso, a expectativa sobre a decisão do Copom teve impacto significativo. O mercado, no entanto, já antecipava um aumento de 0,75% a 1% na taxa de juros. O que fortalece o diferencial de juros do Brasil em relação a outras economias e atrai investidores. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) veio acima da meta de inflação, o que reforçou a expectativa de um aumento mais agressivo da taxa Selic.
Ibovespa reage positivamente à queda do dólar
O bom desempenho do real refletiu-se na Bolsa brasileira, que registrou alta de 1,06% e fechou aos 129.593 pontos.
A valorização do real e a maior confiança dos investidores no cenário fiscal, somadas à expectativa de uma ação mais contundente do Banco Central, resultaram em um dia positivo para o mercado financeiro brasileiro.
A combinação da movimentação do dólar, os juros em alta e o possível impacto do afastamento temporário de Lula no mercado político, gerou um otimismo cauteloso. O mercado continuará monitorando os desdobramentos sobre a saúde do presidente e os efeitos nas negociações fiscais, enquanto os investidores aguardam a definição sobre os próximos passos da política monetária.