
- J.P. Morgan e BofA recomendam emergentes, com foco em Brasil e China.
- ETFs listados na B3 permitem investir no exterior com pouco dinheiro.
- Especialistas alertam: diversificar é vital, mas sem modismos e com equilíbrio.
A palavra da vez no mercado global é instabilidade. Sendo assim, com Donald Trump ameaçando uma tarifa universal de 15%, o mundo financeiro busca alternativas. Logo, investidores estão repensando a exposição aos Estados Unidos, cuja liderança alimenta incertezas com decisões imprevisíveis e tensões comerciais.
Nesse cenário, economias emergentes começam a ganhar destaque. Assim, após anos sendo preteridas, essas nações voltam ao radar de grandes bancos. Desse modo, o J.P. Morgan atualizou sua visão sobre a América Latina para “acima da média do mercado”, enquanto o Bank of America afirmou que “nada vai funcionar melhor que ações emergentes” em 2025.
Nem tudo são flores no sul do mundo
Apesar da empolgação inicial, especialistas sugerem cautela. Christopher Galvão, da Nord Investimentos, lembra que esse movimento pode ser passageiro. “O fluxo de capital saindo dos EUA é pequeno, mas impacta fortemente países menores como o Brasil. Isso não significa uma mudança estrutural”, afirma.
Para Galvão, os fundamentos que ainda classificam esses países como emergentes precisam melhorar para que o capital permaneça. Por enquanto, ele vê pouco espaço para México ou Argentina. Já a China surge como exceção. Mesmo sem retornos espetaculares neste ano, o país asiático tem avançado no setor de tecnologia e atrai quem busca retorno de médio a longo prazo.
A verdade é que a “hora dos emergentes” exige mais do que manchetes otimistas. A tendência só se consolida se houver solidez fiscal, segurança jurídica e estabilidade cambial. Por isso, embora atraentes, esses mercados ainda carregam alto risco.
Como investir fora com pouco dinheiro
Apesar das incertezas, é possível aproveitar as oportunidades. E o melhor: com pouco dinheiro. Hulisses Dias, sócio da Beginity Capital, destaca os ETFs como solução simples e acessível para quem quer investir no exterior. “Com R$ 20, já dá para começar”, explica.
Além disso, os ETFs permitem ao investidor brasileiro acessar bolsas estrangeiras sem enfrentar burocracias cambiais ou taxas internacionais. Listados na B3, esses fundos acompanham índices como o S&P 500, o Nasdaq ou até bolsas emergentes como a chinesa.
Segundo Dias, a liquidez é um fator essencial a considerar. Um ETF que se valoriza, mas é difícil de vender, pode gerar frustração. Ele compara: “É como um multivitamínico. Com apenas um ativo, o investidor se expõe a diversos setores e geografias.”
Além disso, é possível montar combinações entre renda fixa e variável, reduzindo riscos. Desse modo, metade da carteira em ETFs de renda fixa e metade em renda variável é uma das estratégias mais comuns para quem busca retorno sem abrir mão de estabilidade.
Diversificar para reduzir o risco Brasil
Para Galvão, o Brasil continua sendo o destaque entre os emergentes. Assim, ativos como BOVA11 (Ibovespa), SMAB11 (Small Caps) e IMAB11 (títulos públicos) ganham força. Eles oferecem retorno elevado, com maior controle de risco diante da instabilidade política local.
Ademais, a alocação ideal depende do perfil de cada investidor. Mesmo assim, a recomendação geral é manter entre 20% e 30% da carteira em ativos no exterior. “A diversificação internacional ajuda a proteger parte do patrimônio contra crises internas”, diz Galvão.
Dentro da fatia internacional, os EUA ainda lideram. Galvão recomenda alocar cerca de 70% desses recursos nos Estados Unidos. A economia americana segue forte, com inovação constante e grandes empresas ingressando na bolsa.
Já Dias alerta sobre ETFs temáticos, como metaverso e ESG. “Muitos seguem modismos que não se sustentam. É preciso olhar para fundamentos.” Ele sugere usar o peso das economias no mercado global como base. “O Brasil representa só 1% da economia mundial. Concentrar tudo aqui é arriscado”, conclui.